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27.9.24

Um único homem

Porque nos rimos todos na mesma língua, a guerra não pode existir.

Mas ela existe, escabrosa, indecente, obscena.
Ontem televisionada. Hoje transmitida em direto para o nosso bolso.
No meio da agenda e da lista da mercearia, dos emails e das fotografias, misturam-se imagens de guerra e continuamos o nosso dia-a-dia, tal-e-qual.
Mas rimo-nos todos na mesma língua. Em Xangai e em NY, em Moscovo e em Paris. Cá e lá.
São sete meninos que afinal são só um. Porque todos se riem na mesma língua e por isso não pode haver guerra quando estes meninos, este menino, que é só um, crescer.
Na sua particular simplicidade e sabedoria, Rodari diz pouco e tudo.
Na sua particular delicadeza e beleza, Alemagna desenha o essencial. 
Um e sete. Uno e múltiplo. Unidade e plenitude. Tudo com tão pouco.
Cada um no seu tempo montam juntos hoje este objeto contemporâneo de puro bom senso que, de tão óbvio, parece ingénuo. Quando afinal fala da coisa mais difícil e necessária nos tempos que correm.
Ver o outro como um igual. Para lá da cor do cabelo ou da pele, do lugar geográfico, cultural ou religioso.
Tirar os óculos de adultos e voltar a pôr os olhos da infância: a simples solução para a paz.
Perspetiva infantil? Visão utópica?
Óbvia, com certeza. Necessária, já.
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Um e sete
Kalandraka, 2024
Giani Rodari texto, Beatrice Alemagna ilustrações
isbn 9789897491856

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