Há 24 anos atrás, arrastava o J para improváveis subúrbios japoneses para ver obras do Tadao Ando.
Agora tive o privilégio de compor para ele, a pedido de um amigo-cliente, uma biblioteca infantil portuguesa.
Esse amigo, em viagem ao Japão, trouxe-me um livro que conta a deliciosa história de como este icónico arquiteto ofereceu uma biblioteca às crianças da cidade onde nasceu, cresceu e trabalhou.
Não só ofereceu o projeto, como também custeou a obra, instalada num terreno cedido pela Câmara de Osaka. No seu átrio, uma enorme maçã verde, pronta a trincar.
Kodomo honnomori nakanoshima, ou A floresta de livros infantis de Nakanoshima, é um lugar onde os livros estão "desorganizados" em relação à categorização tradicional da género ou idade, para que as crianças possam explorar esta floresta espontaneamente, sem serem dirigidas ou condicionadas.
O tributo de Ando à cidade vem da vontade de a agraciar através do seu futuro, as crianças.
Para o desenho do edifício, juntou dois conceitos: a ideia de crescimento associada à infância e a certeza de que que os livros são das melhores coisas que existem para desenvolver a mente.
Nas suas palavras: "I want the children who will support the future of this country to develop a rich sensibility. Unlike the Internet, where information is readily and instantly available, books are nourishment for the soul."
Os livros têm esta incrível capacidade de fazer parar o tempo e precisamos tanto disso.
Não percebo uma só palavra do livro, por isso torno-me criança, novamente, ao folheá-lo, a ver apenas as imagens — porque o meu japonês se limita a saber contar até 10, a trazer de cor o mais famoso haiku de Matsuo Basho (furu ike ya/kawazu tobikomu(mizu no oto), mais três ou quatro expressões de trazer por casa.
Ao mesmo tempo que o meu desejo de regressar ao Japão fica inflamado, as saudades deste lugar estão agora mais doces, com esta história, o envio deste caixote e o desenho-dedicatória que recebi e que vou emoldurar para pôr num canto especial na biblioteca cá de casa.
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O arquiteto malandro (título de uma edição chinesa que encontrei online)não sei o nome da editora, nem dos autores
isbn 9784097250562
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