Já estávamos no ponto em que estamos e já era suficientemente preocupante.
Agora, como se não bastasse, para além das guerras que se vão acumulando e do genocídio em direto que nos vai envergonhando até sermos um ponto minúsculo perdido no mundo, temos o país em modo republica das bananas e tudo isto é mais do que suficiente para que a saúde do planeta passe para segundo ou terceiro plano. Outra vez.
O ponto em que estamos lista uma série de pontos: pontos-chave, alíneas.
Como muitos livros deste planeta chamado Tangerina, quando passamos páginas passamos o tempo. O Tempo, bem entendido. Viajamos por terra, mar e ar à volta do mundo, umas vezes perto, outras longe do nosso mundo e o tempo parece acelerar à medida que viajamos.
Algumas páginas até fazem corar — porque gostamos de entregas super-rápidas, de abacates e de oportunidades.
Outras fazem tremer — porque estão longe das nossas mãos e não sabemos o que fazer.
O ponto em que estamos é tramado. E não é um ponto de vista: é a realidade das escolhas que temos de fazer a toda a hora, de hábitos que temos de perder a todo o custo (sem promoções, sem saldos). Estamos em ponto de rebuçado.
Pala além de pontos e alíneas este (O) ponto em que estamos também é feito de linhas de força: lápis de cor usados furiosamente como vulcões e explosões, raios brilhantes e estradas negras retintas de tinta, montanhas cor-de-rosa e roupa às riscas.
Tudo à mostra (recortes e colagens sem recurso ao photoshop) analógico, natural, visceral.
Estamos em ponto de embraiagem quando já devíamos ter largado o carro.
Estamos novamente no ponto de partida quando já devíamos ter percebido o ponto da situação.
Estamos prestes a chegar ao ponto de fusão quando já devíamos estar a chegar ao ponto final desta situação.
E, vejam bem, não há desculpa. Cada um de nós é apenas um ponto, é certo, mas um ponto importante: um ponto de exclamação!
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Planeta Tangerina, 2023
Isabel Minhós Martins texto, Bernardo P. Carvalho ilustração
isbn 9789899061194
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