No Natal ofereci o E se... à minha sobrinha F (2,5), a mais nova.
Se não tivesse tido o V como meu sobrinho mais velho, não saberia que existiam bebés assim. Mas eles andam aí.
Se não tivesse tido o V como meu sobrinho mais velho, não saberia que existiam bebés assim. Mas eles andam aí.
Num dos dias das caóticas e magníficas férias na quinta com todos, o R comentou que, naquele dia, a F parecia um bebé normal: naquele dia ela queria coisas, chateava-se, chorava. Até ele percebe que a boa disposição da F não é normal.
Não é que nos outros dias não queria coisas, quer muita coisa, quer tudo! Mas tudo é uma alegria, uma felicidade, uma conquista. E, se não puder ser, tudo bem. Sorriso na cara (e que sorriso) e vamos em frente.
E uma coisa que queria era ouvir esta história que, passados uns dias, já "lia" connosco.
Estes três macaquinhos também querem coisas. Mangas, mais concretamente. Ou experimentar o proibido, ainda mais concretamente. Ou ainda, tentar a sorte — desobedecendo à mãe, com aquela fleuma e diplomacia que alguns "macaquinhos" têm de contornar a situação de tal maneira que se convencem de que não estão a desobedecer à mãe.
A história é clássica, nada de novo, mas incrivelmente bem escrita, porque quase não escrita.
Recebi eu também um livro no Natal sobre criadores de livros infantis — que recomendo vivamente. Existe um blog associado que passarei a acompanhar. Coincidentemente, um dos artigos é do Chris Haughton e é exatamente sobre este livro.
Muito bonito acompanhar o processo criativo e de trabalho, de escrita e rescrita. Perceber que fazer tão pouco dá muito trabalho, de facto, que o apurar de um texto assim tão curto é tão fundamental como num romance de 400 páginas.
E as subtilezas estão também nas ilustrações. No estilo com que o autor nos vem presenteando nesta saga para bebés, com cores fortes e paleta tão bem limitada, os macaquinhos interagem uns com os outros nas suas conversas lógico-filosóficas. Mas, nos momentos cruciais das decisões, os olhos caem em cima de nós, os leitores, os cúmplices.
E esses grandes olhos abertos são realmente um perfeito piscar de olhos ao leitor, grande ou pequenino que, com o ar mais maroto que se possa e imaginar repete: "e se...".
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Orfeu mini, 2023
Chris Haughton
isbn 9789899071384
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