Fazer perguntas faz parte da infância.
Por vezes perdemos essa capacidade, quando crescemos. O que é uma pena.
Por vezes perdemos essa capacidade, quando crescemos. O que é uma pena.
Há crianças que perguntam mais, outras menos, mas todas perguntam. Nem que seja para dentro.
Há crianças que perguntam sem cessar. E há crianças que deixam de perguntar cedo demais.
Este Vinte perguntas faz perguntas simples, mas com água no bico. São perguntas sem resposta, mas cheias de possibilidades; e que, se tudo correr bem, receberão respostas como cerejas: quando puxamos uma, vem sempre outra atrás.
São perguntas que terão como consequência jogos, risadas, memórias, histórias. Coisas de criança, maravilhas da infância.
Mas é difícil não ver agora tudo o que lemos, fazemos, projetamos, sonhamos, com os olhos da infância de Gaza ou das crianças raptadas. Ou com os olhos ainda fechados dos que ainda sem terem chegado às 38 semanas de vida, já não têm pais.
Terão espaço na cabeça e na imaginação para bandidos a brincar que enterram tesouros ou só os assaltarão imagens de bandidos demasiado reais?
Que perguntas farão? Será que ainda perguntam?
E, se perguntam, que respostas darão a estas perguntas que, supostamente, fariam sonhar?
Será possível ainda sonharem com pêssegos? Será possível que ainda sonhem?
E nós, que respostas lhes damos, todos os dias, para além da imensa vergonha de ser adulto hoje? De permitirmos que histórias iguais às que apregoámos "como foi possível?", com ares de indignação e superioridade, se repitam no "nosso tempo". O nosso tempo do direto, do global, do social, onde não será possível encontrar explicações para a inação, para a descrença, para a falta de informação.
Qual será o fim disto? Quando será o fim disto?
O fim disto já foi e será hoje ou amanhã para demasiadas crianças.
Apenas 140000 pessoas assinaram. É pouco, mas é alguma coisa.
Basta. Os meninos têm de poder voltar a sonhar com pêssegos.
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Orfeu Mini, 2023
Mac Barnett texto, Christian Robinson ilustrações
isbn 9789899071582
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