O livro que aqui deixo hoje veio daquelas descobertas felizes que se fazem na Feira do Livro.
(E que bom foi este ano regressar a ela!)
É um livro que rima bem com o verão no campo, de onde escrevo agora, quase de férias. Algumas pontas soltas de trabalho ainda em Lisboa e depois deixar instalar o tempo lento.
Tal como esta Senhora Lughton — que tão bem rima com o livro da sempre deliciosa Barbara Pym que acabei de fechar — deixo-me cabecear depois do almoço, meio sol, meio sombra. Lá em cima, o sol brilha como o dedal dourado da Senhora Lughton. E a história do livro e o tricot, que sempre reato nesta altura, enleiam-se numa sesta à antiga.
Neste A cortina, tão profundamente inglês quanto os romances da Barbara Pym, acontece mais do que isso: os animais e outras figuras bordadas no tecido das futuras cortinas da Senhora Gingham, ganham vida assim que a ama da casa se deixa dormir.
E aí é um festival de cor, movimento, alegria — e até som! —, que a mágica Magali Attiogbé (dada a outras magias neste outro livro) ajuda a dar vida.
Com um ritmo profundamente cadenciado, como a respiração de uma sesta não programada, este conto que Virginia Woolf escreveu nas margens do Mrs. Dalloway, para a sua sobrinha, há quase 100 anos, vem abrir a época do praia-campo e fechar mais uma temporada de prateleira e pacote™.
No seu formato bilingue, sugere viagens físicas ou imaginárias e possibilidades infinitas de sonho e sono, de que tanto precisamos nesta altura do ano.
Bom verão para todos!
Em setembro estarei de volta, com mil livros para mostrar — sempre escolhidos a dedo.
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Relógio D'Água, 2019
Virginia Woolf texto, Magali Attiogbe ilustração
isbn 9789896419332
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