Por exemplo, um livro que chega para mim, no dia da criança.
Por exemplo, um livro que parece para pequeninos, mas depois não é bem assim.
Por exemplo, um livro que parece para pequeninos, mas depois não é bem assim.
Por exemplo, um livro para pequeninos, que fala de livros para grandes.
Um livro que se abre como uma rosa, por exemplo.
Como uma flor, estas folhas abrem-se e fecham-se, consoante a temperatura, a luz, de quem as folheia.
Umas vezes são pétalas que se arrancam — mal me quer, bem me quer — por quem as folheia, outras são folhas que caem com o vento da voz de quem as lê, outras são espinhos que espicaçam pensamentos na cabeça de quem as ouve.
Com tão poucas cores, todas as cores.
Um livro que cresce como uma flor. Um rosa, por exemplo.
Um livro para ler em voz alta ou em sussurro, para partilhar ou para guardar.
Para passar o dedo sobre as coisas que giram e rodam, que abrem e fecham, que picam e cortam.
Como fazem as flores.
Para seguir com o dedo por baixo de cada palavra, nas folhas cheias de palavras como chuva, como a chuva é cheia de pingos, por exemplo.
Para construir novas palavras, encontrar outras velhas e se espantar com as novas.
Um livro para pensar, quem é como quem diz filosofar; para fabricar palavras e pensamentos e enrolar tudo muito bem. Não como num novelo, mas como numa camisola.
Sim, um livro para tricotar palavras e pensamentos e ideias e desejos.
Por exemplo, este livro num fim de semana quente de verão, com palavras como: limonada, gelado, mar, chapéu, rede, livro, ventoinha, cinema, estrelas, pés, sardinhas. Por exemplo.
*título roubado daqui
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Planeta Tangerina, 2023
Ana Pessoa texto, Madalena Matoso ilustrações
isbn 9789899061170
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