"Outra vez" é a frase que tantas vezes ouvimos quando acabamos de contar uma história. E o nosso cérebro adulto, prático, eficiente, pensa: Como assim? Para quê?
A ideia de lengalenga, de uma história que se desenrola num ritmo constante e que, no final, tem reservada uma surpresa, funciona com todos os bebés, desde tempos imemoriais. Aprendemos (também) por repetição, ritmo e música.
Melhor ainda se envolver gestos ou qualquer movimento. Como no "tombalalão". Quem já se esqueceu da sensação do "tombalalão"? Há poucas coisas comparáveis àquele momento imediatamente anterior ao "foi parar ao meio dooooo chão." É como a iminência de um ataque de cócegas!
Neste Quem está? Cinara Saiónára parte de uma dessas lengalengas de tempos idos e cria um objeto livro, um livro-jogo, de folhas grossas mas macias, que se abrem como pálpebras.
Quando abrimos os olhos ao livro, temos, à direita, a resposta à pergunta da página da esquerda.
Por entre pouco mais do que uns graus de cinza, uns azuis, rosas e amarelos pontuais fazem vibrar as ilustrações. Oscilam, como uma música, entre o complexo e o simples, o figurativo e o abstrato. Mas os nossos olhos são sempre puxados para o megafone vermelho que antes vimos nas mãos do menino.
E o megafone pergunta sempre, qual boca projetada do menino de curiosidade gigante.
Essa boca, no final, sorri.
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Upa editora, 2022
Cinara Saiónára
isbn 9789895361854
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