Esta prateleira fez 14 anos e eu estava no meio das montanhas, num retiro de Diários Gráficos, com alunos, sem rede.
Festejo-a agora, já regressada, com um livro que fala também de silêncio e de mistério, de amizade e do sentido de tudo isto. Do poder da mudança e da coragem para a fazer.
Tal como o Grande Panda e o Pequeno Dragão, também eu fiz uma viagem, por dento e por fora. Também eu estive entre montanhas e disse: que lugar incrível! "As árvores, as montanhas, os pássaros e os animais, todos são tão mágicos;"
Mas é também inevitável, de tempos a tempos, a pergunta primordial: "somos imensamente afortunados — então, porque sinto que falta alguma coisa? Porque me sinto incompleto?"
A minha viagem foi suave, silenciosa, intensa; a dos dois pequenos amigos teve bastante mais tragédias do que umas horas enfiados num avião que não descolava.
Mas a questão é que fizeram a viagem; a questão é que tentaram encher a chávena vazia; a questão é que tomaram medidas para tentarem resolver o que não estava bem.
Com coragem. Com esforço. Com a incerteza de quem dá um passo sem saber bem para onde, mas com a certeza de que tem de ser para a frente.
Um livro suave, silencioso, intenso — e duro. Que mostra a vida tal como é, nem sempre fácil, mas com a clareza da riqueza que o mundo tem para oferecer (se estivermos atentos), da força da amizade e da capacidade de reinvenção infinita que existe em cada coisa.
Belíssimas aguarelas.
Tal como na aventura dos dois amigos, também no nosso lugar "Havia um templo no alto das montanhas", "Rodeado por uma vasta floresta." E também nós fizemos dele a nossa casa e a nossa viagem.
E, esta, aqui na prateleira, também continua.
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Iguana, 2022
James Norbury
isbn 9789897847127
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