Já todos nos sentimos intrusos, uma vez ou outra. Num país, numa festa, numa escola, numa conversa. Conhecemos o desconforto da exclusão.
Ensinar a acolher faz-se, como em muitas outras coisas, acolhendo. Mas uma boa história, ou seja, vivermos através da vida dos outros, é também uma grande lição.
Aqui fica mais um livro para o caminho. E este é mesmo sobre uma viagem semelhante a tantas outras que conhecemos bem demais, pelas más razões.
Tal como nas clássicas fábulas, também nesta história os animais servem para construir uma alegoria e abordar um assunto difícil. Ser estranho num lugar, migrar.
A um lugar de animais europeus, chegam animais africanos. Grosso modo, é esta a história. Bosque vs savana. por que é de um versus que se trata.
Os animais do bosque revelam-se verdadeiras flores de estufa, incomodados pela escala, exuberância e exotismo dos visitantes. Não acolhem a diferença. Não abrem espaço.
Depois há um grande incêndio e, o que irá acontecer?
Uma história com dois finais, ambos realistas — tanto quanto uma história em que os animais vivem como humanos pode ser realista.
Sabemos que o rumo das nossas vidas está nas escolhas que fazemos. Mas também é verdade que a história de cada um se faz das ações de outros que não podemos controlar. Daí o realismo deste dois finais.
O primeiro mais duro e incerto, mas cheio de esperança, como tem de ser a vida. Porque nem sempre depende inteiramente de nós.
O segundo, claramente um final feliz.
De que andamos mesmo a precisar.
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The Poets and Dragons Society, 2022
Susanna Isern texto, Sonja Wimmer ilustração
isbn 9789899107076
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