Os livros para os mais pequeninos têm de ter poucas páginas.
Os livros para os mais pequeninos têm de ter folhas cartonadas.
Os livros para os mais pequeninos têm de ser simples.
Os livros para os mais pequeninos são só para os mais pequeninos.
Isto não é uma quadra nem uma canção. É só um conjunto de preconceitos que, como todos os preconceitos, cortam as pernas ao mundo e fecham-no numa janela muito — demasiado — pequenina.
Tudo isto a propósito de um livro com muitas páginas (fininhas), que parece simples, mas é muito mais que isso e que é bom para várias idades — mas também para os mais pequeninos.
Marianne Dubuc é canadiana e este seu livro é uma espécie de lengalenga que dá a volta sobre si própria, criando vários e interessantes jogos pelo caminho.
Conceitos como por cima, por baixo, atrás, sob, à beira, em volta, vão sendo desenrolados à medida que cria uma expetativa crescente antes do virar de cada página.
Esta variedade de conceitos é ainda abrilhantada por pequenos tropeções que quebram o ritmo normalmente cadenciado de uma tradicional lengalenga — e que, algumas crianças, acham chato.
Ao mesmo tempo, há palavras destacadas, em tamanhos, disposições e direções diferentes, dando pistas para leitura em voz alta ou para o significado da palavra;
ou brincando com a sua ligação à ilustração, preparando, ao mesmo tempo, a leitura que poderá ser autónoma, mais tarde.
Tudo isto com imenso humor e poesia, fazendo vibrar os lápis de cor.
Sei de uma menina que o sabe de cor, como se de uma canção se tratasse.
Não é bonito?
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Baduga, 2022
Marianne Dubuc
isbn 9789895317165
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