E este foi o outro livro que uma amiga me ofereceu nos anos. É vintage.
Até ontem desconhecia Warja Lavater. Hoje, sou mais feliz.
Warja, artista suiça, trabalhou nos anos 60 e 70 nestes leporellos e fez várias visitas a contos tradicionais.
Este Branca de Neve (conto tradicional alemão do século XVIII, como muitos, difundido primeiro pela frateria Grimm) é na verdade uma pintura abstrata, que muito me lembra Sonia Delaunay.
Estendi-o no pátio e estive a lê-lo com o R. Depois de tentarmos, a custo, desvendar a história, descobrimos que tinha um glossário e a partir daí, fomos andando ao longo do tapete, lendo em conjunto, descobrindo personagens e adereços, ações e emoções.
À medida que caminhava com o R ao longo do livro estendido, as formas abstratas que víamos misturavam-se com as memórias que temos da história, com canções, com cheiros a maçã, a floresta, a medo.
Lembrei-me das partituras gráficas e do espaço de interpretação que dão a quem as lê e toca ou canta.
Também aqui todo o espaço é dado ao leitor, ao leitor de imagens e de memórias, tornando-o construtor da história, permitindo-lhe outras leituras, a criação de pormenores, a entrada em cena de sons e de cheiros.
Muito mais do que um livro só de imagens (silent book), este livro-partitura, este livro-cinema, este livro-jogo, este livro-pintura (desenhado há quase meio século), é uma rara lição de liberdade, síntese, abstração, imaginação e contemporaneidade. Como um espelho que revela sempre a verdade de cada um.
E um belíssimo presente!
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Adrien Maeght Editeur, 1ª edição: 1974
Warja Lavater
isbn 9782869411142
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