Penso que só uma grande e urgente vontade de deixar voar as máscaras não adiou este acontecimento tão esperado para o dia da Liberdade.
Ainda assim, as celebrações aconteceram mais ou menos em simultâneo e, depois de uma viagem à Andaluzia, já desmascarados, no regresso a casa, fizemos a cerimónia da queima das máscaras, no final do dia 25 de abril.
Pela mesma altura, chegou-me às mãos este duplo livro-caderno Apanhar ar, apanhar sol. Nem de propósito: depois de dois anos amordaçados e com a primavera a rebentar em força, tudo pede rua, vento, liberdade, movimento, viagem, descoberta.
E é por isso que vem bem a calhar, esta dupla homenagem ao sol e ao vento, em formato de livro cambalhota e incompleto — porque pede a nossa intervenção. E é mesmo bom para levar para connosco para debaixo de uma árvore, onde o sol e o vento se encontram e apaziguam.
Este é um livro que provoca ação: pensamento e movimento, cérebro e corpo.
Simples e despretensioso, é rigoroso na informação (não porque eu seja perita, mas porque chamaram ao Planeta um painel de especialistas de várias matérias que andam, literalmente, à volta do sol e do vento) e curioso na provocação.
Não sei em que idade o vão colocar nas prateleiras das livrarias. Porque é um livro pró menino e prá menina, para crianças, adolescentes e adultos, curiosos e inquietos — mas que, ao mesmo tempo, convida à paragem.
Corremos de sol a sol, contra ventos e tempestades e, raramente paramos para nos darmos conta da riqueza e particularidades do ar que nos envolve e do sol que nos permite a vida. Esta é a premissa: "uma homenagem ao nosso lugar no espaço, ao Sol, à atmosfera, à Terra."
É por isso que, para além de não ser muito catalogável ao nível etário, este livro também foge à convenção da tipologia: é um misto entre livro científico (sobre o ar e o sol), guia de exploração (de nós e do que nos rodeia), de atividades (porque nos convida a fazer) e livro homenagem a estes dois gigantes que fazem (literalmente) os nossos dias: o ar e o sol.
Desmascarados, enfim, vamos para a rua festejar as várias liberdades conquistadas, de cabelos ao vento e sol na cara, prontíssimos para um verão azul e amarelo. Para lá do preto e do branco, estas são as únicas cores que aqui vibram e nos lembram que ainda há muitas liberdades para conquistar, desde logo a maior de todas: Paz na Terra. Vamos para a rua!
...........................................................................................................................................................
Planeta Tangerina, 2022
Isabel Minhós Martins texto Bernardo P. Carvalho ilustrações
isbn 9789899061064
Sem comentários :
Enviar um comentário