Perguntei à C, 3, se estava a aprender sobre os animais, na escola. Sobre pessoas, disse-me.
Profissões?, perguntei. Sim. E qual é a sua preferida?, continuei. Princesa, respondeu, sem hesitação. E a segunda, tentei ainda. Unicórnio. E a terceira? Arco-íris. E daí, continuou o rol, cada vez mais louco. Tia Sara apareceu aí em 14º lugar, o que considerei uma vitória, dada a categoria dos meus adversários.
Comentei com o E, 6, seu irmão mais velho, que andava ali por perto, que a professora não estaria a fazer um bom trabalho. E ele riu, riu.
Mas talvez esteja. Dizem que as profissões do futuro estão por definir, por conhecer. Por isso a listagem da C pode bem estar mais acertada do que imagino.
Temos mil coisas para aprender, sempre. Seja aos 3, seja aos 6, seja aos 46. E ainda no mês inicial deste novo ano, pegar neste manual de conceitos básicos soube-me mesmo bem.
Lembrei-me do primeiro dicionário de imagens que arranjei para o B, na Noruega, para o entreter na viagem de volta a casa. As palavras nem eu as conseguia ler, por isso ali estávamos em pé de igualdade.
Porque, mais do que dar a conhecer, estes livros são para dar a reconhecer.
Mesmo quando ainda não conseguem dizer as palavras, os cérebros dos bebés já estão cheios de conceitos. E a felicidade que lhes faísca nos olhos quando reconhecem os objetos, as pessoas e os lugares do seu dia a dia é impagável.
Neste 1000 coisas para aprender, regressamos ao dia inicial, reconhecemos como da primeira vez.
Se pensarmos bem, é verdadeiramente espantoso como é que um bebé consegue reconhecer um desenho da realidade.
Mas consegue. E consegue maravilhar-se com isso.
Que bom, o espanto. Que bom termos ainda mil coisas para aprender, para reconhecer, para inventar para sonhar.
E, como o futuro é já hoje, estejam bem atentos.
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Fábula, 2018
Anna Kovecses
isbn 9789897076633
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