Que bom podermos agora, como os nossos amigos anglófonos, chegar ao Advento e encher a prateleira de baixo com histórias de Natal.
O périplo por que passei a tentar encontrar um bom livro para um menino de três anos com a história do Primeiro Natal foi no mínimo ridículo: há livros (péssimos) do Pai Natal, mas, Menino Jesus, nem vê-lo.
As meninas das livrarias até ficavam envergonhadas — e eu com vergonha alheia — de nem em grandes lojas, nem em alfarrabistas conseguir encontrar uma simples história com o Nascimento de Jesus.
Mas, nem tudo é estranho e triste assim. Este ano vieram juntar-se mais uns bons álbuns aos que já tinham aparecido há alguns anos com belas histórias de Natal. Floco de neve foi uma deles.
Ofereci-o à minha sobrinha T (5) e juntas, com a mana C (3), lemos a história, sempre três vezes, além de me ter posto todas as férias a recortar flocos de neve em papel que colámos nos vidros das janelas nos dias de chuva. Mais tarde fizemos a variação em naprons para o chá das cinco. Nada, no entanto, superou as minhas unhas pintadas de vermelho azevinho...
Os flocos mais pequeninos, serviram para animar a história, fazendo o Floco sair das páginas e cair noutros lugares.
A fábula é muito simples e bonita: um floco de neve cai sozinho no céu de inverno e não sabe nem como nem onde irá parar. Cá em baixo, acompanhamos uma menina, Noelle, que não pode ter uma árvore de Natal como a da maior parte das outras pessoas, mas que resolve bem essa questão, sem dramas, com a ajuda do avô e da mãe.
Os dois personagens juntam-se no final do livro, onde as duas histórias finalmente se cruzam: o floco cai em grande estilo tronando-se a estrela da festa — e da árvore de Natal da menina.
A História de Natal tem tanto de simples quanto de improvável e é isso que faz dela a mais bela de todas as histórias.
E esta história tem exatamente esses ingredientes: simplicidade e improbabilidade, o que faz dela uma belíssima história de Natal. Um floco com receio de crescer e de se tornar finalmente ele próprio que não só chega ao final da sua prova, como ganha o pódio de estrela. E uma menina que pouco tem, mas tudo ganha.
Que tenha sido um Natal simples e improvável, com tudo o que isso tem de bom, num ano em que tivemos de nos voltar a reinventar e transformar simples flocos em brilhantes estrelas.
Até para o ano!
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Benji Davies
Orfeu Negro, 2021
isbn 9789899071018
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