Foi por isso que, de uma visita à livraria, trouxe este livro de poesia para lho oferecer. E, em vez de uma rosa, recebi também eu um livro e também de poesia.
Na verdade eu é que devia fazer estes Exercícios de ser criança. Ele não precisa. Mas a poesia de Manoel de Barros com os seus magníficos insignificantes parafusos de veludo vem connosco desde a pré-história, por isso pareceu-me apropriado arrebanhá-lo da estante da livraria e trazer-lho para casa.
Manoel e Stella, sua mulher, estiveram 67 anos juntos. Depois ele morreu e ela foi a seguir. Que beleza. Quando é bom é muito bom.
J é este menino de Manoel: o menino que carrega água na peneira, que faz peraltagens com as palavras, que interrompe o voo de um pássaro com um ponto final na frase.
Nestes Exercícios de ser criança o poeta brinca com as palavras enquanto os ilustradores brincam com os papéis, as cores e as formas. Todos brincam, tudo brinca, tudo brilha, tudo vida.
Brincar é preciso, a poesia é precisa e a vida é preciosa.
Às vezes esqueço, menina avoada, de como me faz tão bem ler poesia. Sorte a minha que agora tenho dois livros maravilhosos dela, aos quais posso voltar sempre.
Às vezes lembro, menina avoada, de como me faz tão bem ter um menino para "amar pelos seus despropósitos". Sorte maior porque o tenho por aqui a brincar à vida muito a sério, no seu exercício diário de ser criança, carregando a água na peneira.
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Companhia das Letrinhas, 2021
Manoel de Barros texto, Fernanda Massotti e Kammal João ilustrações
isbn 9788574069524
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