Vivo com um eterno otimista. Eu não sou pessimista, sou só talvez demasiado realista. Mas isso é o que dizem todos os pessimistas, eu sei.
O otimismo, tal como a alegria, é uma escolha. Um filosofia de vida. Claro que a genética ajuda, mas, sabemos, a educação, a formação, a decisão, têm também muita força.
Sou muito mais vezes Alberto do que Jorge, mas tenho mais consciência disso desde há uns tempos. E essa consciência toca muitas vezes a sineta de alerta. E, tal como o Jorge, digo para mim mesma que podia ser pior.
A autora d'Os vizinhos (que nunca aqui pus na prateleira, mas que está nA janela), mostra-nos um pouco da história destes dois companheiros de viagem, diferentes como a água do vinho.
Um sublinha o pior da situação; o outro atesta que poderia ser pior. A realidade é a mesma e a situação também. Um fábula do copo meio cheio ou copo meio vazio em pleno alto mar.
Alberto e Jorge partilham o que resta da embarcação — cuja figura de proa não se inibe de comentar com os olhos mesmo com a sua (literalmente) cara-de-pau — e parecem estar mais à deriva do que com rumo certo.
Mas se isso inferniza a existência de Alberto, Jorge, por seu lado, transforma tudo numa canção.
E, já se sabe, quem canta seus males espanta.
Cantando ou não, ambos chegam a bom porto (ou talvez não; talvez seja eu já contagiada pelo bom espírito do jorge!), prontos para seguir viagem.
Porque é mesmo assim: estamos todos no mesmo barco. A questão é saber como escolhemos fazer a viagem.
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Fábula, 2021
Einat Tsarfati
isbn 9789895646326
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