No verão tudo cresce muito e muito rápido: crianças, unhas, trepadeiras, legumes. Só os dias começam, sorrateiros, a diminuir, desde o momento em que começa o verão.
Recomeçar é voltar ao início, mas não necessariamente pelo mesmo caminho, ou para o mesmo destino.
Parar faz bem e depois também faz bem entrar em movimento, procurando esses novos caminhos ou horizontes.
Reabro hoje a prateleira com um livro fresquinho para a temporada. Daqui Ali lê-se num instantinho, mas tem nele todo o tempo do mundo: o tempo de quem vê e de quem faz pela primeira vez.
O tempo de uma canção para pôr o bebé a andar: braços para cima, incertos passos de pato e olhos bem postos no horizonte.
O horizonte começa por ser a mãe, o pai, os manos, os avós. Depois o brinquedo, a porta do jardim. E num abrir e fechar de olhos, o bebé é já um menino e o menino é já um homem.
E o horizonte passa a ser todo um futuro de possibilidades que se tornam também nossas em tudo aquilo que não somos nem seremos, não fizemos nem faremos, mas que, com os passinhos do bebé-menino-homem, alcançamos também.
That’s one small step for man, one giant leap for mankind. A frase de Neil Armstrong é também perfeita para a escala da família. E para a escala da mão do bebé que agarra o limão em vez da lua.
A atenção, tensão e suspensão de quando dão os primeiros passos mantém-se vida fora porque os "primeiros passos" acontecem todos os dias de maneiras diferentes.
Crescer é liberdade e revolução, pois. É largar a mão da mãe daqui para ir só ali apanhar o mundo!
..................................................................................................
Planeta Tangerina, 2021
Isabel Minhós Martins texto, Yara Kono ilustração
isbn 9789899061026
Sem comentários :
Enviar um comentário