Como sempre, lemos hoje a Paixão do Senhor no oratório da quinta, às três horas da tarde. Há uns anos ouviam só de olhos espantados. Hoje são já também os miúdos que a lêem, à vez. A História das histórias.
Para que servem as histórias, para que servem os livros? Os livros não servem para nada ou servem só para ler. Claro que isto não é bem verdade e dá jeito ter uns trunfos práticos neste mundo ultra utilitarista, para a defesa da leitura como investimento rentável.
Estudos comprovam-lhe vários benefícios a nível académico, de concentração, mas também no que diz respeito à compaixão, empatia e também índice de felicidade, seja lá o que isso for. A leitura não tem de ser rentável, mas até é. Ler é viver, é a vida.
Na essência, um bom livro não tem de servir para nada. A leitura, a arte e a cultura não servem para nada, porque não têm de servir, mas são absolutamente essenciais. A cultura define-nos enquanto humanidade.
Que bom tanta gente ter lutado recentemente pela a abertura das livrarias, pelo livro como bem essencial. Hoje assinalamos o Dia internacional do livro infantil e aqui trago uma longa carta que explica como funcionamos aqui na Terra, com a natureza e uns com os outros.
Resultado das viagens que a autora fez junto de associações humanitárias, Sophie Blackall presta neste livro uma homenagem aos países que visitou, às pessoas que conheceu, às histórias que viveu durante 5 anos e, por ventura, toda a sua vida até então. Mas tudo visto pelos olhos de uma criança que elegeu como narrador. (A pequena C diz que é a Capuchinho Vermelho.)
Na linha do Aqui estamos nós, aqui homenageado como o livro que o menino lê em cima da árvore, este livro-carta desenrola-se num desfile de personagens, sentimentos, acontecimentos, lugares, tempo. Coisas boas e más, alegres e tristes numa sincera homenagem à diversidade e à falta que fazemos unha vida uns dos outros.
"No princípio não era o verbo, e sim a voz", diz-nos Michele Petit no seu excelente livro Ler o mundo. A história é longa e as sobrinhas que por aqui andam à roda da minha saia e do meu livro são ainda bem pequenas, de maneira que a leitura se transformou num jogo de encontrar profissões, enunciar nomes de animais, descobrir diferenças.
A parte preferida é a de imaginarem quem são em cada página. A mais pequena diz ser todas as meninas e meninos da página; a mais velha já seleciona. Procuram relações familiares entre personagens e dar sentido a famílias que além de não terem casa não têm pai.
Mas ambas vivem já, na leitura, a experiência de se porem na pele de outras personagens — através da minha voz e das ilustrações que lhes falam antes das letras. Diz também Petit que a leitura é como "uma segunda pele, a pele da alma".
Se algum dia vieres à Terra é um livro para extraterrestres, mas também um bom lembrete para terráqueos que às vezes se esquecem do que é essencial. E também um excelente livro didático!
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Fábula, 2021
Sophie Blackall
isbn 9789895640782
Excelente. Iniciativas como esta engrandecen a alma e o coração. Incentivar o acesso a leitura é despertar e estimular o gosto pela leitura. É fortalecer a formação do ser humano, em todos os níveis. É garantir o prazer de ler como um direito e um BEM de todos . Estou encantada. Parabéns
ResponderEliminarExcelente. Iniciativas como esta engrandecen a alma e o coração. Incentivar o acesso a leitura é despertar e estimular o gosto pela leitura. É fortalecer a formação do ser humano, em todos os níveis. É garantir o prazer de ler como um direito e um BEM de todos . Estou encantada. Parabéns
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ResponderEliminarQue bom ler este comentário, obrigada!
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