Por cá continuamos todos em casa, de modo que temos aproveitado umas temporadas no campo.
Se na cidade a chegada da primavera já era evidente, aqui no meio do verde que voltou a alterar-se radicalmente em 15 dias, é mais que evidente — é fulgurante.
As temporadas campestres extra que temos tido o privilégio de gozar no último ano, funcionam como adubo para os rapazes.
Sempre que voltamos à cidade os avós estão mais baixinhos, as t-shirts encolheram e as meias aparecem nas canelas. Um está forte em estatura e opiniões, o outro espigado como um espinafre e, o mais novo, com a cintura debaixo dos braços. Com a natureza, como a natureza, eles aí vão em direção ao céu. Tudo tão grande.
Tudo tão grande é o que dizemos quando regressamos à quinta, que rebenta por todos os poros.
Tudo tão grande é um livro-canção que traz música incluída.
Tudo tão grande é um livro-canção que traz música incluída.
Não, não é um áudio-livro, mas se escutarem com atenção, de certeza que conseguem ouvir a música incluída: da maré, do vento, dos pássaros, das vozes, dos ossos a esticarem durante a noite (no meio do sono por entre os sonhos).
As paisagens matam-me as saudades da Costa Vicentina, das praias largas e das rochas esculturais, dos fins de tarde com o pôr-do-sol sobre o mar e o vento selvagem a secar o sal na pele.
E, como quem ouve uma canção começa a bater com o pé no chão ou com a ponta dos dedos na mesa, quem ler este livro e ouvir a sua canção, vai começar a dançar. A dançar e a crescer.
[Enquanto escrevo este texto, um inseto verde, mínimo, passeia entre as teclas e o monitor enche-se de p — ups, pousou no h e esmigalhei-o… — pólen. Ao longe ladra um cão, e ouve-se mesmo música dos altifalantes da igreja.]
Esta Canção cada vez maior é um hino à primavera e ao verão, à natureza e às férias, aos miúdos que crescem rebentando a escala.
Ao contrário do que é normal nos livros que atravessam um dia, este começa de noite e termina num menino que mal cabe entre as páginas, desconjuntado.
O menino é feito de vento e de luar, de montanha e de mar, de pássaros e de vozes, como todos os meninos devem ser.
Tudo canta Tudo voa Tudo cresce Eu cresço também — e que sorte este livro-festa me ter vindo parar às mãos a tempo de assinalar o aniversário da prateleira: já tem 12 anos e continua a crescer cheia de maravilhosos livros-canção!
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Planeta Tangerina, 2021
Isabel Minhós Martins texto, Bernardo P. Carvalho ilustrações
isbn 9789899061019
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