Tenho saudades de ter filhos na Primária. Que tempo mágico.
Há o professor e há o professor primário.
Se em tempos foi uma instituição reconhecida pela sociedade, hoje em dia continua a ser uma instituição, mas apenas reconhecida os seus alunos (e por alguns pais atentos) para quem tudo o que diz é lei.
Podem tentar contrariar as leis da física, se quiserem, mas não vale a pena tentarem contrariar o que o professor primário do vosso filho disse. É lei. Porque o professor primário é que sabe e sabe tudo.
Resta saber como funcionam estas máquinas omniscientes. Mas, problema resolvido: temos um livro que explica. E explica com ilustrações da Chiara Carrer, o que é um verdadeiro luxo.
Avizinha-se o maior 3º período da história e é difícil perceber como é que a escola vai aguentar.
Os miúdos — exaustos — estão de férias, os professores — exaustos—, ainda não. E falta tudo, debaixo do chapéu da incerteza que se tornou moda nos últimos tempos.
Mas uma coisa é certa: para além de saber tudo, um professor primário nunca baixa os braços e isso é o maior dos confortos que um pai — também ele exausto — pode ter. Para além de si, há mais alguém sempre disposto a lutar pelo seu filho, sem nunca desistir.
Pode ser gordo ou magro, grande ou pequeno, mulher ou homem, às riscas ou quadriculado — porque o professor primário sabe português e matemática — mas terá sempre a invisível capa de super-herói que os miúdos sabem reconhecer.
Os mais pequenos voltaram à escola, para grande alívio e satisfação dos pais. Pode ser que agora, que vestiram por uns tempos a capa de professores e não sentiram absolutamente nada dos seus super-poderes, os pais (e a sociedade em geral) ressuscite um pouco desse respeito por uma personagem que está na base de cada uma das nossas histórias.
Não chegaria a tanto quanto a um decreto-lei de 1936, em que as professoras primárias, nesse tempo só mulheres, tinham de pedir autorização ao Ministério da Educação para casarem. Quando soube da história, saltei ao ataque com o meu instinto feminista julgando que o teriam de fazer por terem de garantir, à semelhança de um voto religioso, a sua dedicação total e incondicional à causa.
Afinal, o decreto-lei pretendia proteger esta instituição nacional de pretendentes abaixo dos mínimos!
Com o ordenado que têm, não será difícil hoje arranjar pretendente que preencha os requisitos do 2º ponto do artigo 9º. O certo é que pretendentes não lhes hão nunca faltar: os seus apaixonados alunos!
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