Faço demasiadas coisas ao mesmo tempo. Levo o multitasking ao ridículo e ando a tentar contrariar isso, porque tudo o que é demais é demais. Tenho feito alguns progressos.
Dá jeito, principalmente quando se tem miúdos pequenos e não queremos que tudo o resto que fazíamos e ainda por cima fazíamos muito, deixe de poder acontecer. Mas a verdade é que muitas vezes fazer não é o importante; estar é o importante e, para uma hiperativa-criativa como eu, esta lição é difícil de aprender. Mas não desisto.
Se não tivesse passado por isso, não imaginaria a rapidez com que o corpo desaprende de respirar. E, quando não se consegue respirar fundo, também não se imagina que algum dia se volte a conseguir. Parece pura e simplesmente impossível.
Há um ano, o saber respirar com as diferentes partes do corpo acelerou-me a recuperação do colapso do pulmão. E esse controle sobre a respiração, tinha-o aprendido com o ioga.
Faço ioga há 18 anos, nos últimos 9 em casa, sozinha, umas vezes seguindo vídeos, outras seguindo-me a a mim própria. Nunca consegui interessar os miúdos, mas conquistei o pai deles — muito cético, no início, mas que de vez em quando me acompanha.
Mas talvez seja uma coisa boa não ter trazido os miúdos para este momento. Porque é um tempo meu. Claro que agora que estão em casa também à hora a que faço ioga, se não sou salva pelo pai, arranjam sempre maneira de terem mesmo de me perguntar uma coisa importantíssima precisamente nessa altura. E lá se vai o meu por um canudo.
Fazer muita coisa ao mesmo tempo é fácil; fazer nada é que é difícil. E dar atenção a nós próprios, principalmente depois de se ser mãe, é um desafio gigantesco. Começo agora (e o mais novo tem 10 anos) a conseguir estar só a respirar, sem começar logo a mexer, cheia de pressa de conseguir fazer a sequência que quero fazer antes que—. Mas a cabeça raramente se esvazia. Espera-me ainda um longo caminho pela frente!
Neste Ioga acompanhamos o como e o porquê desta prática, focando os pontos mais importantes da sua História.
As ilustrações são deliciosas e o macaquinho que segue o menino que acompanha esta narrativa, acrescenta um toque de humor, aliviando um assunto que transborda de peso histórico, de sabedoria e superação.
Respirar, só, é mais difícil do que parece e talvez todos os miúdos destas novas gerações, bombardeados por informação, imagem e movimento a toda a hora, precisem ainda mais do que nós de o aprender com urgência.
Inspirar, expirar. Inspirar, expirar. Inspirar, expirar.
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Pequena Fragmenta, 2016 (agora Akiara Books)
Míriam Raventós texto, Maria Girón ilustrações
isbn 9788415518501
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