Há 100 anos que não morria tanta gente em Portugal.
Um destes dias, um irmão mais velho (de quatro anos e meio) que vai ter irmãos gémeos perguntou à mãe se iam ser dois bebés por estar a morrer tanta gente. Uma cabeça mais que lógica.
E eu que tenho a sorte de ter tantos bebés a nascer à minha volta!
Alheia a todo este caos, a vida continua a construir-se, em silêncio, como sempre.
Mas não é desses futuros bebés de que me lembro ao ver este No ovo e sim dos irmãos deles. A graça que lhe irão achar!
Primeiro porque vão ver estes animais todos a crescer dentro dos ovos e imaginar os seus irmãos dentro da barriga da mãe.
Depois porque, ao longo do livro (e dependendo do seu grau de atenção e de atenção a quê), vão descobrir que a população que cresceu e encheu as páginas está afinal a diminuir.
E depois vão perceber porquê e vão-se rir. Ou sorrir.
E deliciar-se com as ilustrações mais que bonitas: soberbas páginas ilustradas, no modo como o espaço é ocupado (e desocupado) tão festiva e subtilmente.
É difícil de processar toda esta morte, e foi por isso que escolhi aqui trazer hoje um livro bem humorado, onde há vida e morte sem dramas, com a naturalidade e a brutalidade da natureza em todo o seu esplendor.
Sem dramas, com imensa graça e ironia, a vida continua.
O pitão saíu da casca com um voraz apetite pela vida. Afinal, ele é um pitão.
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Kalandraka, 2020
Emma Lidia Squillari
isbn 9789897491276
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