Acho a primeira de arrasar de modo que tudo o resto me parece fraco, por comparação. Muitas vezes, salvo raras exceções, parecem-me histórias ocas e aparvalhadas, normalmente cheias de brilhos e texturas irritantes, em tudo contrárias ao espírito da época.
Em geral gosto de pensar em livros que nos levem a questões importantes, bonitas ou estranhas sem ser pela porta da frente. Parece-me que essa volta que se dá nos dá novos olhares e nos leva a lugares mais interessantes.
Mas este ano pediram-me especificamente uma história de Natal, de modo que me pus a pesquisar o que havia para além dA noite de Natal, do Sonho de neve e dA canção de Natal.
Dr. Seuss é uma referência incontornável da literatura infantil americana e, consequentemente, anglófona. Mas a verdade é que quando as edições portuguesas começaram a aparecer por cá já os meus rapazes estavam crescidos para justificar a compra de (mais) um livro.
A influência de Dr. Seuss é de tal ordem que até hoje achava que Grinch era uma personagem mais antiga que o autor tinha aproveitado para fazer brilhar nesta história natalícia.
Afinal, Grinch foi criado pelo próprio em 1957 e, desde aí, tem personificado, com honras de rei, o mau espírito natalício.
Ilustrações a preto e branco com um toque de vermelho e rosa — que não é mais do que o mesmo vermelho com menos percentagem —, dão vida a esta historia em rima em que, no final, o bom prevalece ao mau, o pecador é convertido e o verdadeiro espírito natalício (livre de tralhas e embrulhos) é revelado a todos.
Amanhã é dia de Reis e fecha-se o capítulo do Natal. A única altura em que, para além de suportar, gosto realmente de ver a casa literalmente apinhada: de pinhas coloridas, estrelas feitas pelos miúdos à medida que foram crescendo, luzes e velas, presépios e memórias que vamos acumulando.
Antes de a desmontar no fim de semana, hei-de me sentar amanhã à noite com os miúdos, um chá e uma manta quentinha a ler alto esta história que guardei fora da vista deles para este dia.
Afinal quem está realmetne crescido demais para ouvir uma boa história de Natal?
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