De meter medo ao susto

Num dos primeiros dias da Quarentena vimos o Parque Jurássico com os miúdos. Quando aquilo acabou, comentámos (entre os adultos) que, inconscientemente, tínhamos escolhido um filme em que a ficção é mais assustadora que a realidade. E funcionou.


De repente, o cenário apocalíptico lá de fora ficou apoucado pelo terror de dinaussários a entrarem-nos pela porta dentro e comerem os nossos amigos.


Uma boa descarga de adrenalina resolve muita coisa, tal como uma boa choradeira.


Quando era miúda costumava assustar as minhas primas mais novas com uma voz terrífica de bruxa. Punha a toalha de praia pela cabeça e, na sombra, ria-me de um modo assustador e perseguia-as pela praia. Uma delas acreditava mesmo que a minha voz pertencia a uma boneca que estava cosida ao meu saco de praia e tinha um medo terrível de ambas as coisas.


Escolho este Bruxa, bruxa, vem à minha festa com primeiro dos #livrosantivirus. [Se inserirem o código PRATELEIRA ao encomendarem este livro diretamente à editora através do email, FB ou Instagram, eu recebo uma percentagem. Obrigada! Os envios são à segunda-feira — apressem-se!]


O medo é uma coisa difícil, mas é também uma coisa necessária. Ultrapassá-lo faz com que nos tornemos mais fortes e mais confiantes. Na maioria das vezes, concluímos que afinal não havia sequer razões para ter medo.


No início do livro vemos uma menina, ao estilo de Sarah Kay, a escrever um bilhete. E logo a seguir, em várias duplas páginas, desenrola-se um sem número de personagens assustadoras, acompanhadas sempre do mesmo pedido e sempre da mesma resposta: Por favor, vem à minha festa? Obrigado, irei sim, se convidares ...


Nem sei como não aparece também um palhaço, que é o rei do terror para algumas crianças!
E, lá para o final ficamos desconcertados pelo aparecimento da Capuchinho Vermelho, logo depois do Lobo. As incríveis ilustrações, a dimensão do livro, as cores, as personagens, a lengalenga, tudo nos engole para um imaginário hiper-realista que ajuda a imaginação a funcionar.

Até que voltamos à Bruxa, enquanto assistimos à procissão das personagens (afinal meninos mascarados!) a caminho da festa. E respiramos de alívio e graça, depois da adrenalina e do medo nos terem feito estremecer o espírito e o corpo! Uf!
...............................................................................................
Bruxa, Bruxa, vem à minha festa
The Poets and Dragons Society, 2019 (1ª edição 1991)
Arden Druce texto, Pat Ludlow ilustração
isbn 9789895405183