É hoje comummente aceite, em Educação, afirmar que os miúdos precisam de regras para se estruturarem e serem felizes.
E, embora haja esta perceção geral, ainda assistimos, diariamente e em diferentes circunstâncias, a cenas macacas, para dizer o mínimo.
Dá ideia que há muita gente com medo de educar, sem grande rumo. E a questão não está nas crianças, que são crianças, mas nos adultos que (supostamente) estão a liderar, mas que, na verdade, andam à deriva. Para lhes podermos dar espaço para que vagueiem (como só se vagueia no verão) temos primeiro lhe lhes dar o rumo. E, depois, sim, é deixá-los vaguear.
EstAs regras de verão são outras, ou talvez não.
Shaun Tan desenha um mundo reconhecível, terráqueo, palpável, mas onde os lugares, as coisas e as pessoas ganham contornos irreais e surreais.
Atrevo-me a chamar este livro de Manual Para a Interpretação de Pesadelos.
Todo o livro se constrói à volta de quadros em que, percebemos no fim,
dois irmãos vagueiam, como só se vagueia no verão.
Podia ser um livro silencioso, mas é só um livro de poucas palavras. E, de facto, não é nada silencioso. Tem barulhos assustadores, música, vento. Tem calor e frio, sabor a pipocas e a sangue na boca. É como se, de repente, uma espécie de Grande Jogo de um-outro-Xadrez ganhasse vida pela mão dos seus prórpios criadores.
Um livro que é uma ode à liberdade que vem (ou espera-se que venha) com as férias, com a mudança de rotinas, com a alteração das regras que desenham os dia e às imensas possibilidades que nascem disso mesmo. (A propósito disto, vejam com eles esta curta do autor.)
O verão está a chegar. Dêem as regras aos miúdos e depois deixem-nos construir o seu próprio verão.
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As regras do verão
Kalandraka, 2014
Shaun Tan
isbn 9789897490217
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