Ainda hoje se agarra a ele para dormir, embora nunca o leve para dormir fora. Chama-se Ôié.
Jimmy Liao pega nos animais de pano com que alguns miúdos dormem e constrói este sono-sonho-aventura-poema.
Muito raramente os miúdos contam um sonho. Mas é um assunto de que gostam mesmo.
Eu, mais graúda que eles, escrevia os sonhos, mal acordava, no quadro de giz que tinha sobre a minha cama e que tinha herdado da minha avó. É um exercício: se nos fizermos por lembrar, lembramo-nos mesmo; e, se os escrevermos, eles ficam para sempre.
Já falei aos miúdos dos surrealistas e do uso que faziam dos sonhos e gosto especialmente que, em italiano, se diga "fazer" um sonho em vez de "ter" sonhado. Ambas as expressões são verdadeiras, mas só quando ouvi o meu amigo a falar portugaliano é que percebi que também era verdade que temos alguma responsabilidade por aquilo que sonhamos.
Neste conto, uma menina mistura sonho e realidade, a preto e branco, como se diz que sonhamos. Os seus companheiros de pano ganham asas (literalmente) e levam-nos com eles nesta viagem-poema.
O meu cunhado mais novo, muito pequeno, quando o conheci, dizia que dormia de olhos abertos. Senão, perguntava ele, como é que eu vejo tantas coisas?
Sonhar, acordado ou a dormir, é um dos afazeres mais importantes da vida. Hoje começa o verão e o tempo ideal para nos dedicarmos a fazer sonhos. Vamos a isso?
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Segredos na floresta
Kalandraka, 2015
Jimmy Liao
isbn 9789897490446
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