Vão com elas pelas mãos, com um pano por cima, tipo abat-jour e, quando lá chegam, destapam-nas e penduram-nas numa árvore.
É bonito ver os jardins assim, iluminados de pássaros com as pessoas por baixo a conversarem, como conversam os donos de cães, mas mais baixinho. É bonito e estranho. Um pouco amargo, até.
Tive um pássaro em miúda e estou cada vez mais interessada no assunto aves e árvores que ouvimos e vemos na quinta e nos lugares por onde passamos de carro ou nas férias — não sei se será da idade! Mas não conseguiria voltar a ter um pássaro enjaulado.
Este Caged faz parte do meu grupo predileto de livros, aqueles que não têm texto, mas não são nada silenciosos. Este, então, faz imenso barulho — não ouvem?
Foi um dos livros que escolhi para os Livros espetaculares (mesmo!) para o ciclo sobre a Liberdade que esteve até ontem no Lu.Ca.
Confesso que o meu coração de arquiteta se entusiasma com a construção megalómana destes dois cavalheiros.
Enquanto constrói o seu ninho, ramo a ramo, o pássaro azul assiste à edificação deste objeto magnífico no lugar onde antes cresciam enormes árvores. O ninho vai crescendo e a construção humana cresce também, em paralelo. As gaiolas são como tijolos habitados empilhados como legos.
O pássaro apanha ramos das árvores para construir o ninho, os homens arrancam as árvores para terem espaço para montar a sua construção.
Este paralelo é um preâmbulo para o final da história (ou talvez o início dela) onde as situações se invertem porque o pássaro assim desencadeou.
Não sei se foi inadvertidamente ou não, mas aquele sorrizinho no bico não engana ninguém...
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Caged
Tiny Owl Publishing Ldt, 2018
Ducan Annand
isbn 9781910328316
Que BELEZA Sara! Obrigada pela partilha, fiquei maravilhada. Um beijinho grande, inês ("prima")
ResponderEliminarobrigada! "prima"?
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