Dia de São Valentim, love is in the air.
Gosto
de tradições. Tanto, que não sou nada contra a aquisição de novas. Festa
é festa e todas as desculpas são boas para festejar, celebrar,
assinalar. Talvez seja o pior dia do ano para ir jantar fora, mas não
para escolher um livro — ou dois! — a propósito.
Para rimar com o espírito da época, ponho hoje aqui O pior aniversário da minha vida.
Não, não me enganei e também não faço anos.
A
história de Benjamim Chaud, que nos traz novamente este miúdo cru, sem
grandes papas na língua — como são as crianças —, está apaixonado, de
beicinho, totalmente caído. É o mesmo miúdo dono do Peúgas, um coelho de
estimação; outra história
que ainda aqui não trouxe, mas onde a amizade e o modo como muitas
vezes lidamos com ela em crianças(?) é tratada também sem grandes falinhas
mansas.
Chaud tem o condão de se aproximar cheio de mestria dos sentimentos dos miúdos: com a crueza e delicadeza nas proporções exatas. As ilustrações estão à vista: uma espécie de Gorey a cores!
Júlia é a amada e faz anos.
O miúdo antecipa tudo, esforça-se ao máximo para que tudo seja esplêndido.
Cairá de muito alto, pensamos. É tão verdade, que até sobe a uma árvore.
Mas é também lá que encontra o seu amor — ou que o seu amor o encontra.
Este
é um dos livros que escolhi para o Ciclo Do amor e do Frágil, lá no
LUCA. Para miúdos, escrevi sobre ele que "nem sempre as coisas correm
como esperamos. Principalmente, quando estivemos muito tempo a desejar
alguma coisa. Principalmente, quando estamos apaixonados. E sentimo-nos
ridículos, infelizes e muito sozinhos, com o coração destrambelhado, aos
saltos, como um baloiço descontrolado.
Mas, quando voltamos a sentir
o “coração, como um baloiço no peito” — dalim-dalão, dalim-dalão — até
parece que ouvimos sinos e é tão bom!"
E não é mesmo?
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O pior aniversário da minha vida
Orfeu Mini, 2018
Benjamin Chaud
isbn 9789898868220
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