Pareço uma adolescente a pôr títulos em francês ou em inglês, para soar melhor, dizem eles.
Não é verdade, pois, mas aqui dá-me mesmo jeito invocar o mestre Magritte (já o fiz outras vezes) para sublinhar que
1. uma caixa não é mesmo (só) uma caixa;
2. pensar "fora da caixa" pode começar exatamente por pensar a partir duma caixa.
Naves espaciais, elmos para cavaleiros, espadas e escudos, vários robots — é o que me lembro de termos transformado caixas aqui por casa.
O brilho nos olhos deles quando depois dumas tesouradas, umas pinceladas e um bocado de cola, termos ficado com o brinquedo mais giro de sempre, tem um valor inversamente proporcional ao valor da caixa de cartão, que normalmente trago da rua, por alturas do Carnaval.
As possibilidades de máscara são infinitas.
Que o diga este coelhinho que pode ser pirata, marajá, robot, bombeiro ou alpinista só porque tem a sua não-caixa.
Um bom exercício de criatividade, diria eu: o que farás tu com esta caixa?
Claro que também serve como uma metáfora para a vida: cada um recebe uma caixa; e o que faz com ela?
É certo que as caixas não são todas iguais, mas há quem ponha mãos-à-obra e há quem fique a ver passar navios. Ou foguetões.
Então vamos ao trabalho, que, como dizia a sábia empregada de casa dos meus pais, "Esta vida são dois dias, e o Carnaval são três"!
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Não é uma caixa
Editorial Presença, 2010
Antoinette Portis
isbn 9789722343701
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