Às vezes ando às voltas aqui no site à procura de um livro para mandar o link a alguém que me pediu ajuda e não quero acreditar que nunca escrevi sobre aquele livro.
É inacreditável que a Greve tenha feito greve na prateleira-de-baixo.
E não passa de hoje que este livro brilhante, que já tem 7 anos, chegue a esta prateleira.
Catarina Sobral começou com Greve, o que é dizer muito. Começar logo com uma greve é querer marcar um ponto. E a Catarina marcou logo — e muitos!
Desde já porque o livro trata exatamente duma greve dos pontos. Sim, dos pontos: dos pontos que usamos na escrita, do ponto de fuga, dos pontos que levamos no médico quando partimos a cabeça, do ponto no teatro e do teleponto na televisão,
dos pontos de bordar, enfim, de tantos pontos que até os quadros pontilhistas deixam de figurar nas paredes dos museus (pelo menos como pontilhistas, porque podemos sempre passar a encará-los como suprematistas!...).
E o livro é isto: como seria o mundo sem pontos?
Um livro que não é de todo para os mais pequenos — quando o li aqui por casa foi nitidamente fora de tempo, porque estive a cada página a explicar o que era cada ponto e lá se ia todo o ritmo, lá se perdia todo o ponto (perdoem-me o anglicanismo) —, mas que é um gag muitíssimo inteligente, divertido, bem pensado, escrito e ilustrado. Ponto final.
Só que não; não é um ponto final, nem no livro, nem nos livros que e Catarina nos deu a seguir.
No livro, a última página desvela que, depois da greve dos pontos, as linhas estão a ponderar sair da linha. Bem, e tudo recomeça, potencialmente, desta vez com o papel principal atribuído à linha.
Nos livros, veio logo depois o Achimpa (mais outros sobre os quais escrevi e não escrevi, ainda, e aguardo com água na boca a animação). E mas mais não digo porque me palpita que ainda hei-de escrever sobre eles. Nem que seja daqui a 7 anos...
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Greve
Orfeu Mini, 2011
Catarina Sobral
isbn 9789898327123
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