Há livros que ficam connosco toda a vida. Há livros que queremos um dia reler. Há livros que temos medo de reler, por terem sido tão importantes e a segunda leitura poder fazer esmorecer o impacto que tiveram em nós.
Uns destes, ando a guardar para a velhice; outros vou guardando para o verão, que é também um tempo que passa mais devagar e mais depressa ao mesmo tempo.
Tenho vários assim. O som e a fúria, de William Faulkner é um destes livros.
E foi por isso que fiquei encantada quando percebi que existia um conto infantil deste autor e que, ainda por cima, estava traduzido e editado por cá.
Já está na pilha dos livros para levar de férias para eles. Os mais velhos vão lê-lo sozinhos; ao R e ao primo S (e tenho a certeza que haverá mais primos a colarem-se), vou propor ler-lhes todos os dias um bocadinho, à noite, na praia.
A praia tem destas coisas: à noite o cansaço é tanto que a leitura noturna fica quase impossível, pelo que, no estágio de junho, adotámos a hora da leitura depois do almoço para os que já não fazem sesta. Isto dá não só sossego à casa para os que ainda — e sempre! — precisam de sesta, ao mesmo tempo que oferece um tempo de leitura aos que à noite têm todo o peso das ondas e da areia sobre as pálpebras.
A aventura dA Árvore dos desejos tem uma história por trás da história que é bonita de se saber;
a história propriamente dita é a aventura duma menina que acorda no seu dia de anos e dá de caras com uma personagem tipo Sport Billy avant la lettre, que tira objetos dum saco e as transforma em seres com vida e/ou objetos de tamanho real, que não caberiam à partida no saco.
A busca pela verdadeira árvore dos desejos, as aventuras e desventuras fantásticas do grupo de miúdos e da criada (conjunto bem sulista e faulkenariano), o desenlace da história, o S.Francisco que aponta o que é realmente importante, são os ingredientes duma história que anda agora colada a mim, desde que tive a sorte de a ler.
Sem dúvida que irá nalguns pacotes™ de setembro — já se inscreveram?
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A árvore dos desejos
Ponto de fuga, 2017 (história escrita em 1927, 1ª edição 1964)
William Faulkner texto, Don Bolognese ilustrações
isbn 9789899975934
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