O pior é que agora acho que o livro é utilíssimo também para os meus rapazes... É que as histórias dos outros ajudam-nos muitas vezes a olhar para a nossa própria vida.
Tal como o modo de agir tem muitas vezes muito mais poder na educação do que mil discursos, um bom livro pode livrar-nos de ou levar-nos a conversas difíceis, essenciais. [A propósito disto, dia 3 de junho, estarei com a Alexandra da Nheko no Estúdio da Vila, em Cascais, a falar de Livros que nos livram].
Por isso, um livro sobre grandes mulheres pode afinal ser ideal para dar aos rapazes e não apenas para o girl empowering ou para a luta anti-princesas-cor-de-rosa.
Depois de ler sobre para quem vou enviar os livros, gosto de utilizar diferentes lógicas na formação dos pares dos meus PACOTEs. Acredito que assim tenho mais hipóteses de fazer uma escolha certa, e vou-me divertindo a fazer os pares de maneira diferente para cada dança.
Se para algumas idades de rapazes a escolha é quase sempre muito óbvia, quando chego às meninas, hesito um pouco mais. E uma das coisas que gosto de procurar é uma protagonista forte.
Ora, neste calhamaço, temos protagonistas fortes aos quilos.
As histórias reais, mas com os típicos inícios ficcionais do tipo Once upon a time ou semelhante, têm a duração da página da esquerda, enquanto à direita surge a ilustração da dama de ferro em causa.
Políticas e ecologistas, cozinheiras e cientistas, desportistas e artistas, escritoras e arquitetas; de hoje e de ontem, corajosas, curiosas e teimosas — grandes —, todas cabem neste álbum de inspiração.
As imagens são assinadas por um conjunto de ilustradoras com estilos muito diferentes e a conceção do livro foi feita por duas mulheres que convenceram meio mundo a financiar este livro.
Um espécie de yes we can feminino e essencial, porque ainda tão atual: é que há histórias que seriam impossíveis hoje depois de tantos sutiãs queimados, mas outras são perigosamente reconhecíveis ainda.
É claro que houve e há mulheres extraordinárias, tal como há e houve homens extraordinários; mas a questão é que ontem, como hoje, o caminho delas é ainda e sempre (e perdoem-me a minha veia levemente feminista) mais difícil.
Que há diferenças entre os sexos é óbvio; o que já não é tão óbvio é qual o caminho certo para não deixar que essas diferenças sejam penalizadoras e sim enriquecedoras para cada um e para todos ao mesmo tempo.
Como mãe de três rapazes, vou tentando aferir qual é a melhor maneira de os educar neste respeito pela diferença, para não ser eu, daqui a uns anos — ou as mulheres ou filhas deles, daqui a mais uns —, a segurar um sinal assim, como esta belíssima senhora, a quem até um palavrão fica bem.
Mais um para a etiqueta editem em português (e tantas expressões inglesas neste post!?...) para nosso bem, para o bem de todos, e para que sirva de inspiração às muitas miúdas que irão continuar a fazer História, a sua história.
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Good Night Stories for Rebel Girls
Particular Book, 2017
Elena Favilli & Francesca Cavallo
isbn 9780141986005
Yes, yes, yes!
ResponderEliminarE fiquei toda corada...