Na verdade já ando nisto há quase 20 anos. Nisto do teatro, da cenografia, dos figurinos.
Em relação à arquitetura, sempre me agradou muito a rapidez e a certeza com que tudo acontece: a estreia está marcada e, dê lá por onde der, alguma coisa tem de acontecer em palco. Não há empreitadas nem empreiteiros, nem júris nem concursos, nem câmaras nem vereadores. Na verdade, às vezes, até há mais ou menos isto tudo (ver Subsídio), mas a partir do momento em que a estreia está marcada, não há empreitadas, júris ou câmaras que parem as máquinas (ver Maquinista).
É já amanhã que estreia uma peça em que fiz a cenografia e os figurinos e, agora que tudo está pronto para a cortina abrir, há um misto de cansaço e realização incrível (ver Estreia).
O teatro é uma coisa muito viva. Em relação à arquitetura, também tem isso: os atores não esperam, como esperam os clientes, para entrar no espaço. Eles já lá estão há meses, a repetir, a mudar, a experimentar, a criar, a recriar (ver Tempo). Depois a cenografia tem de chegar de mansinho — ou então dizer bem alto eu-estou-aqui, amanhem-se (ver Catarse)!
"Em casa de ferreiro espeto de pau" e a verdade é que ainda não tinha aberto este livro e ainda não o mostrei aos miúdos. Comprei-o num saldo da feira do livro (tem umas páginas em branco no meio mesmo a pedirem para serem desenhadas) e está no monte de onde vou tirando coelhos da cartola (ver Texto).
E este é mesmo mágico. Como mágica é o espelho negro que pensei usar e desenhei para a cenografia e que venho aqui encontrar na página 63!?... (ver Magia)
André Letria está nomeado para o prémio Alma e não é de estranhar. André Letria faz muito, experimenta muito, arrisca muito. De algumas coisas, confesso, não sou grande fã, mas estes atividários que faz com Ricardo Henriques são maravilhosos, arriscados e necessários e as suas desconcertinas, pequenos livros silenciosos, parecem haikus. A Pato Lógico é uma das editoras que me faz ter orgulho daquilo que se tornou o álbum ilustrado em Portugal (ver Ribalta).
Mas também de quem faz teatro devemos estar orgulhosos e, em jeito de provocação, aqui ficam quatro sugestões, duas para miúdos e duas para graúdos, para irem ao teatro em vez de ao cinema.
Graúdos:
Henrique IV, parte 3, de Jacinto Lucas Pires no TECA/TNSJ, no Porto (com a minha cenografia)
A alegria e a tristeza na vida das girafas, de Tiago Rodrigues, no TNDMII, em Lisboa
Miúdos:
A origem das espécies — a partir de Charles Darwin, no TNDMII, em Lisboa
Do bosque para o mundo, de Inês Barahona e Miguel Fragata, no TSL, em Lisboa
E agora, muita MERDA —e não agradeçam, por favor (ver Merda)!
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Teatro
Pato Lógico, 2015
Ricardo Henrique texto, André Letria Ilustração
isbn 9789899847057
Em relação à arquitetura, sempre me agradou muito a rapidez e a certeza com que tudo acontece: a estreia está marcada e, dê lá por onde der, alguma coisa tem de acontecer em palco. Não há empreitadas nem empreiteiros, nem júris nem concursos, nem câmaras nem vereadores. Na verdade, às vezes, até há mais ou menos isto tudo (ver Subsídio), mas a partir do momento em que a estreia está marcada, não há empreitadas, júris ou câmaras que parem as máquinas (ver Maquinista).
É já amanhã que estreia uma peça em que fiz a cenografia e os figurinos e, agora que tudo está pronto para a cortina abrir, há um misto de cansaço e realização incrível (ver Estreia).
O teatro é uma coisa muito viva. Em relação à arquitetura, também tem isso: os atores não esperam, como esperam os clientes, para entrar no espaço. Eles já lá estão há meses, a repetir, a mudar, a experimentar, a criar, a recriar (ver Tempo). Depois a cenografia tem de chegar de mansinho — ou então dizer bem alto eu-estou-aqui, amanhem-se (ver Catarse)!
"Em casa de ferreiro espeto de pau" e a verdade é que ainda não tinha aberto este livro e ainda não o mostrei aos miúdos. Comprei-o num saldo da feira do livro (tem umas páginas em branco no meio mesmo a pedirem para serem desenhadas) e está no monte de onde vou tirando coelhos da cartola (ver Texto).
E este é mesmo mágico. Como mágica é o espelho negro que pensei usar e desenhei para a cenografia e que venho aqui encontrar na página 63!?... (ver Magia)
André Letria está nomeado para o prémio Alma e não é de estranhar. André Letria faz muito, experimenta muito, arrisca muito. De algumas coisas, confesso, não sou grande fã, mas estes atividários que faz com Ricardo Henriques são maravilhosos, arriscados e necessários e as suas desconcertinas, pequenos livros silenciosos, parecem haikus. A Pato Lógico é uma das editoras que me faz ter orgulho daquilo que se tornou o álbum ilustrado em Portugal (ver Ribalta).
Mas também de quem faz teatro devemos estar orgulhosos e, em jeito de provocação, aqui ficam quatro sugestões, duas para miúdos e duas para graúdos, para irem ao teatro em vez de ao cinema.
Graúdos:
Henrique IV, parte 3, de Jacinto Lucas Pires no TECA/TNSJ, no Porto (com a minha cenografia)
A alegria e a tristeza na vida das girafas, de Tiago Rodrigues, no TNDMII, em Lisboa
Miúdos:
A origem das espécies — a partir de Charles Darwin, no TNDMII, em Lisboa
Do bosque para o mundo, de Inês Barahona e Miguel Fragata, no TSL, em Lisboa
E agora, muita MERDA —e não agradeçam, por favor (ver Merda)!
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Teatro
Pato Lógico, 2015
Ricardo Henrique texto, André Letria Ilustração
isbn 9789899847057
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