Foi divertido e assustador estar assim sem este vidro entre mim e quem me lê aqui.
Falei como a única não-especialista do painel das três convidadas deste ciclo (ainda podem
apanhar a oficina e a última sessão, dia 7 na Fnac Colombo, com a Natália Vieira) e tentei fazer a conversa
como faço este blogue, a propósito de um livro.
Como tinha perguntas para responder, socorri-me de vários, ensaiando respostas e levantando outras perguntas pelo caminho.
Umas das coisas de que falei, a propósito da pergunta se as imagens também se lêem (sim), foi do meu fascínio e tristeza que se misturam na altura em que os miúdos começam a ler.
Já aqui falei de como gosto de ser eu a acompanhar os primeiros passos que eles mostram querer dar no início da leitura, mas ao mesmo tempo fico hesitante em empurrá-los porque sei que, irremediavelmente, algo se perderá.
E esse algo é a prevalência da imagem em relação ao texto. Para sempre?
Talvez não, mas ainda ontem, ao reler pela enésima vez este livro ao R, reparei que no meio das folhas, me tinha esquecido de que havia outras coisas escondidas no jardim.
Na verdade, nunca no "tempo" do R, eu tinha olhado para a ilustração com atenção suficiente;
e ontem, quando me surpreendi ao ver os cocós mal-cheirosos no jardim e lhe perguntei o que havia no meio das folhas (certa de o ir surpreender com o nojo espetacular que tinha encontrado), ele respondeu sem pestanejar — cocós, como quem já os tinha visto de todas as outras vezes que tínhamos lido a história.
Mesmo assim, querendo que não perca esta capacidade de olhar e ver, quando dei conta desta preciosidade,
mandei vir dois, um para nós e outro para oferecer para a sala do R, a sala do 1º ano, cheia de meninos a começar a ler letras.
Dobra-letras tem um ar absolutamente contemporâneo ao mesmo tempo que respira o meu tempo de escola, em que a professora tirava fotocópias num tabuleiro de alumínio cheio duma gelatina azul mágica.
Pronto, estou velha.
O R achou-o mágico e tentou ler todas as combinações possíveis. (Acho que entretanto já encontrei mais, tenho de lhe dizer.)
Estas letras não são cursivas, são de imprensa e maiúsculas, o que ajuda muito a que sejam fáceis de reconhecer; mas olhem como andam de mãos dadas, página atrás de página, ligando-se umas às outras como a "letra pegada" até chegarem à meta,
Como tinha perguntas para responder, socorri-me de vários, ensaiando respostas e levantando outras perguntas pelo caminho.
Umas das coisas de que falei, a propósito da pergunta se as imagens também se lêem (sim), foi do meu fascínio e tristeza que se misturam na altura em que os miúdos começam a ler.
Já aqui falei de como gosto de ser eu a acompanhar os primeiros passos que eles mostram querer dar no início da leitura, mas ao mesmo tempo fico hesitante em empurrá-los porque sei que, irremediavelmente, algo se perderá.
E esse algo é a prevalência da imagem em relação ao texto. Para sempre?
Talvez não, mas ainda ontem, ao reler pela enésima vez este livro ao R, reparei que no meio das folhas, me tinha esquecido de que havia outras coisas escondidas no jardim.
Na verdade, nunca no "tempo" do R, eu tinha olhado para a ilustração com atenção suficiente;
e ontem, quando me surpreendi ao ver os cocós mal-cheirosos no jardim e lhe perguntei o que havia no meio das folhas (certa de o ir surpreender com o nojo espetacular que tinha encontrado), ele respondeu sem pestanejar — cocós, como quem já os tinha visto de todas as outras vezes que tínhamos lido a história.
Mesmo assim, querendo que não perca esta capacidade de olhar e ver, quando dei conta desta preciosidade,
mandei vir dois, um para nós e outro para oferecer para a sala do R, a sala do 1º ano, cheia de meninos a começar a ler letras.
Dobra-letras tem um ar absolutamente contemporâneo ao mesmo tempo que respira o meu tempo de escola, em que a professora tirava fotocópias num tabuleiro de alumínio cheio duma gelatina azul mágica.
Pronto, estou velha.
O R achou-o mágico e tentou ler todas as combinações possíveis. (Acho que entretanto já encontrei mais, tenho de lhe dizer.)
Estas letras não são cursivas, são de imprensa e maiúsculas, o que ajuda muito a que sejam fáceis de reconhecer; mas olhem como andam de mãos dadas, página atrás de página, ligando-se umas às outras como a "letra pegada" até chegarem à meta,
de certeza vencedoras, como os meninos que as vão levar de imagens, a sons, a sentidos, a sentimentos.
...............................................................................................................................
Dobra-letras
Planeta Tangerina, 2016
Madalena Matoso
isbn 978989814575
...............................................................................................................................
Dobra-letras
Planeta Tangerina, 2016
Madalena Matoso
isbn 978989814575
Sem comentários :
Enviar um comentário