Este é um livro tão arrebatador que assenta como uma luva neste dia tão cheio de zeros e uns, tão de começo.
Disse um dia Matisse que os pintores deviam cortar a língua.
É disso que me lembro quando me sento para escrever sobre um livro só de imagens;
deste em particular.
Nada do que me ocorre dizer me parece demasiado urgente, adequado, essencial ou certeiro perante esta sucessão de desenhos deste autor cubano.
Aqui fica um diálogo:
-Já leu o livro novo?
-Não, é muito complicado.
-Mas se não tem uma única palavra!...
-Mesmo assim.
Não estranhou minimamente que o Pai Natal tivesse escolhido para ele um livro sem palavras logo agora que consegue ler.

Passa umas páginas de vez em quando, distraído, entre jogos, pinturas, apanha de limões à luz de lanterna, descoberta de folhas e pedras mistério, e Pantera-Cor-de-Rosa.
Aos dois, preocupa-os Sexta-feira, rodeado pelos maus. E estranham as páginas muito brancas,

de areia,

embora digam logo que é areia.

Não foi difícil escolher este livro para inaugurar o ano porque ele mostra todas as coisas que cada ano reserva de bom e de menos bom. E de como devemos entrar nele bem de frente.
Então, em vez de agora palavrar todas essas coisas,
deixo apenas outras imagens que dizem muito mais do que aquilo que me atreveria a dizer
e corto a língua.
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Media Vaca, 2008
Alberto Morales Ajubel
isbn 9788493598204
comprado aquiObra vencedora do Prémio Ficção 2009 na Feira do Livro para Crianças de Bolonha
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Da obra que deu origem a esta
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