Cá em casa diz-se que são horas de ler
desde que os meninos têm idade para saber segurar num livro sem o
comerem. Parece-me que o gosto pelos livros destes infantes começou, na
verdade, por uma grande (chamemos-lhe assim) dificuldade matinal dos
progenitores. As horas do despertar do menino eram um tormento mesmo
que, sabendo agora, éramos uns verdadeiros sortudos. A técnica para
ganhar mais meia hora de sono matinal consistia em plantar, à noite,
alguns livros na cama de grades. De manhã ouvia-o acordar e logo a
seguir o som das páginas a virar. Quando acabava, chamava.
Agora,
embora ande fascinado com as letras e a sair-se a ler placas de SAÍDA
ou rótulos de SUMO ou BENFICA no jornal, ainda não lê de ler-mesmo
e a história nocturna é, para os dois, um dos pontos altos e
indispensáveis para que o dia acabe em grande. A rotina nocturna passa
então pela escolha individual de um livro para lerem sozinhos - os dois
na cama do mais velho, grande conquista do mais novo - e, dez ou vinte
minutos depois (depende do grau de excitação) continua com leitura de um
livro ou de um capítulo escolhido pelo Pai ou pela Mãe.
O
outro ritual vem mais tarde com o acumular de livros na estante.
Comecei a perceber que, por os livros estarem só com as lombadas, e não
as capas, viradas para nós eles tinham mais dificuldade em reencontrar
um livro que quisessem rever.
Então comecei a escolher 3 ou 4 por dia e a pô-los sobre a cama para que os encontrem quando chegam do colégio.
Agora, quando chegam a casa, correm para as bolas, claro, mas também para a cama para verem quais são os livros do dia!
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