Trouxemos Nicomedes o careca duma visita à Gigões e Anantes (e que bela notícia esta, em que sabemos da abertura de mais uma livraria da especialidade) e tem estado a uso, fora da prateleira, nas últimas noites.
Nas férias da Páscoa começámos as lições; o R já sabe quase todas as letras e começou a juntar sílabas, como os irmãos fizeram antes dele. De maneira que saquei da Cartilha para nos acompanhar nos serões da quinta. Todas as noites pedia mais uma lição, um sucesso.
Depois regressámos e regressaram novamente as histórias. Lembrei-me de procurar um livro escrito em maiúsculas, que costuma ser a fase seguinte (porque conhecem naturalmente as maiúsculas enquanto as minúsculas se mantém abstratas durante mais um tempo). Começou a ler O meu avô; mas, como ainda se cansa bastante, foi buscar o careca para se rir um bocadinho antes de dormir.
Ao segundo dia de Nicomedes, quis lê-lo e claro que o sabe quase de cor, o que torna a tarefa de ler muitíssimo mais fácil.
Com os mais velhos, não dei conta desta ferramenta, que no fundo tem tudo a ver com o método global em que vão decorando palavras, mas é muitíssimo útil que ele saiba já algumas palavras da história de cor porque assim vai olhando e reconhecendo,
umas vezes lendo realmente, outras lembrando-se, outras inventado uma outra palavra que quer dizer o mesmo e lhe dá o sentido à história.
No meio vai pedindo para levantarmos as mãos do livro, onde vamos apontando as palavras, porque estamos a tapar o gato.
É que o melhor amigo de Nicomedes é quem afinal lhe resolve o problema da careca, não sem antes gozar o prato na página ao lado.
O R tem uma abundante cabeleira que um dia, quem sabe, cairá. Espero que, nessa altura, consiga manter o seu sentido de humor em relação à careca.
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Kalandraka, 2013
Pinto&Chinto
isbn 9789897490019
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