A Mãe quer ir para a selva? Já não sei a que propósito um deles me perguntou isto um dia destes, mas sei que foi por causa do livro novo. Sim, gostava, respondi cheia de certeza. E hoje, depois dum périplo por um centro comercial, tenho ainda mais a certeza.
O Sr. Tigre está farto de ser sério, e não é o único: juro que hoje, no meio de tanta suposta civilização, estive a uma nesga de me pôr em quatro patas e fugir como um animal selvagem dali para fora.
Só posso acreditar que todas aquelas pessoas que ali se passeiam desligam um qualquer chip para poder ali estar, gostar de ali estar, suportar ali estar.
Ou então é a mim que me falta um chip, não sei, mas dali ia para a selva, direitinha.
O Sr. Tigre lá arranja um meio termo na cidade, depois das saudades apertarem lá na selva para onde vai depois duma atitude radical. Ah, já sei, dizia o R, vai tirar a roupa toda!
Adivinhou, tira mesmo. Ali o vemos na fonte da cidade oh tão civilizada, tomando banho em pêlo, escandalizando a bicharada toda.
Talvez não suportasse a bicharada da selva, talvez tivesse saudades de algumas pessoas; vá, pronto, sei que ia ser terrível: os ruídos assustadores, as selvajarias, o sentir-me fora de personagem. É só que hoje tenho alguma dificuldade em não encontrar na minha civilização ruídos ainda mais assustadores que os da selva, selvajarias das mais bárbaras e de me sentir totalmente fora do sítio. GRRRR!
Quem me dera que um banho pelado na fonte do Rossio chegasse para mudar o mundo.
Enquanto não chego a esses extremos, tenho de encontrar uma coisa simples, uma bela camisa havaiana, talvez, a ver se me adapto melhor a este estranho lugar a que chamamos civilização.
....................................................................................................................................................................
O Sr. Tigre torna-se selvagem
Orfeu mini, 2016
Peter Brown
isbn 9789898327666
Sem comentários :
Enviar um comentário