Pus no saco todos os livros que temos da coleção A Arca do Tesouro. O B e o T já estão grandes demais para eles, o R ainda não os consegue ler e estes livros são ideais como primeiros livros de ler sozinhos: ainda cheios de ilustrações para ajudar, mas já com uma história completa para ler umas páginas a cada noite. Mesmo sabendo isto, com a perspetiva dos dias de chuva que se adivinhavam, pareceram-me uma boa ideia para lhos ler alto, aqui, onde o tempo passa mais devagar. Afinal as férias dão tempo para histórias maiores.
Durante o dia, mesmo com a chuva, chuva, chuva, a azáfama é grande demais para histórias embora o T e o B leiam e plantem livros pelos cantos da casa, entre jogos de basquete à chuva, o jogo Risco pela tarde a dentro, Tintin (os filmes) ao lanche, órgão e ipad antes do jantar, xadrez ao serão, uns tpc no meio disto tudo. Na hora dos tpc, o R faz mais uma montanha.
E à noite a hora é sagrada.
Começámos pelo clássico dos clássicos e, no dia seguinte, foi o B que quis ler outro ao R para matar saudades: Adoro esta história.
Ontem chegámos ao Tubarão, um outro clássico que li devagar, sem horas para apagar a luz.
Aqui na quinta os banhos de banheira assumem proporções épicas (lembro-me sempre dos banhos públicos japoneses, talvez um pouco mais barulhentos, pronto...) e são o cenário ideal para poder imaginar um tubarão na banheira. Na nossa ínfima banheira seria demasiado inverosímil.
O T só se lembrava que adorava a história mas já não sabia como acabava; o B quis lê-la sozinho depois. O entusiasmo mantém-se; quem disse que estavam grandes demais?
O Caderno de Palavras Difíceis do miúdo acompanha a história e interrompe-nos com explicações de palavras novas. No fim do livro está lá mesmo o Caderno, mas como não me lembrava disso, lá tive de ir dando explicações mais ou menos enroladas a meio da história; algumas palavras já foi o T a explicar ao R o que queriam dizer.
O tubarão na banheira é contado com grande detalhe tornando possíveis todas as situações que sabemos impossíveis. Mas como é narrado sabendo que miúdos que são miúdos estão sempre à espera da oportunidade de dizerem, ah isto é impossível, ah, isto não dava..., acreditamos mesmo que o tubarão podia vir na mala do táxi, porque esta foi cheia de água salgada, e que o tubarão cabe com o peixinho Osvaldo no minúsculo aquário, porque está lá uma fotografia a comprová-lo.
A dupla David Machado/Paulo Galindro recebeu em 2010 o prémio da SPA para este livro e agora têm um novo que estou muito curiosa para ver.
O grito final do avô — que é afinal quem despoleta toda esta história sem ver nada (a história começa com os óculos esmigalhados do avô) — é acompanhada pelo nosso grito também!
Mas com a palavra spoiler tão em voga, nem pensem que vos vou dizer porquê.
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*Um pedido de desculpas pela qualidade das imagens, todas elas chuvosas...
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O tubarão na banheira
Editorial Presença, 2009
David Machado texto, Paulo Galindro ilustração
isbn 9789722341455
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