Fomos e viemos.
Viajar é também regressar, voltar.
Há uns anos, visitar livrarias fora do país era ao mesmo tempo um frissom e um desespero: primeiro porque lá havia tanta coisa incrível e nova;
segundo, porque cá havia tão pouco.
As coisas mudaram. Hoje os livros que encontro já não são todos novidades — porque já cá temos quem nos traga dos melhores, por um lado,
e porque também cá temos muitíssima coisa boa — porque há quem a faça.
Este é um clássico dos anos 80.
Para nós é novidade.
A preto e branco, uma viagem lenta de casa à cidade e o regresso ao fim do dia.
Em cada página só uma frase lenta, a lembrar as viagens intermináveis
— falta muito? — e a história vai devagar pela paisagem. Na verdade não há grande história, apenas imagens do que vemos da janela do carro com uma legenda mínima.
Subimos a um arranha céus para ver o pôr-do-sol e depois é tempo de regressar.
É como o do rato, disse o B; pois é. O R ficou fascinado e entrou logo na brincadeira: quando regressámos para trás do livro, com as ilustrações todas de pernas para o ar, dizia entusiasmado não é não!... à legenda do desenho invertido.
Ficar longe é também olhar com mais clareza e carinho para o que ficou para trás.
E a história recomeça, a preto e branco mas com tantas cores ao mesmo tempo.
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Round trip
Harper Collins, 1983
Ann Jonas
isbn 9780688099862
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