E para acabar, o mais novo, que está a começar. Às vezes, ao fim do dia, nos dias em que está demasiado cansado para dançar ou correr desnorteado pela casa de braços ou carros no ar a dizer frases incompreensíveis com algumas palavras compreensíveis pelo meio, pede para ir para a cama com um livro.
O R continua a gostar dos dicionários de imagens e do livro da Ninoca (Maisy para os anglófonos), porque descobriu a maravilha das imagens animadas. Mesmo assim apanho-o várias vezes a folhear os Asterix dos irmãos, não sei a pensar em quê.
Gosta de repetir as palavras que vamos dizendo e não se escusa a nenhuma, mesmo aquelas que têm sons que não consegue ainda articular. Os irmãos levam-no à exaustão com os treinos. A saber: falar, cantar, dançar, imitar ou reconhecer animais, futebol, ginástica.
Dizem que agora os bebés já nascem ensinados. Suspeito que isso se diz desde sempre, tal como se diz que isto agora já não é o que era, ou que não há tempo para nada. Ora este livro pressupõe esses bebés de agora, que já nascem ensinados: ao lado dos vulgares conceitos de pequeno/grande, por exemplo, surgem pequenas pérolas como nítido/desfocado, aquadradado/arredondado, livre/enclausurado, invisível/visível. Se têm bebés ensinados, ora ensinem-lhes lá isto. Filosofia pura.
Uma espécie de Opostos filosóficos para sub-dois - altura em que começa a verdadeira filosofia no verdadeiro sentido da palavra -, Hippopposites divide o mundo em branco/preto, alto/baixo, de frente/de lado. Mais tarde perceberão que às vezes há graus de cinzento, uma altura ali ao meio e um lado de trás das coisas; e que umas vezes isso é bom, outras nem por isso.
Hippopposites é pensado para os primeiros leitores, sim, mas também para os seus pais, tenho a certeza. E é uma provocação, uma bela provocação. Um hipopótamo, quase sempre vermelho-sangue-de-boi, apresenta os opostos de forma desconcertante, elegante, contemporânea, gráfica, divertida.
Quase não lhe compro livros porque os herda dos irmãos mas este era demasiado clean&cool (veio dos EUA, mas é feito por uma francesa, pardon) para o deixar ficar do outro lado do oceano. (As péssimas fotografias não fazem jus à beleza deste livro). Um excelente exemplo de desenho feito em computador, uma espécie de parente minimal da Delphine Chedru.
Elegeu rapidamente a sua página preferida e lê-o de formas mais ou menos ortodoxas, consoante o grau de sono. Gosta de sentir o macio/áspero enquanto dobra a língua, os lábios, os olhos, o nariz, a cara toda, enfim, para conseguir ao mesmo tempo articular algo de parecido com as palavras Macio e Áspero. E isso, acreditem, é que não é nada fácil.
O R continua a gostar dos dicionários de imagens e do livro da Ninoca (Maisy para os anglófonos), porque descobriu a maravilha das imagens animadas. Mesmo assim apanho-o várias vezes a folhear os Asterix dos irmãos, não sei a pensar em quê.
Gosta de repetir as palavras que vamos dizendo e não se escusa a nenhuma, mesmo aquelas que têm sons que não consegue ainda articular. Os irmãos levam-no à exaustão com os treinos. A saber: falar, cantar, dançar, imitar ou reconhecer animais, futebol, ginástica.
Dizem que agora os bebés já nascem ensinados. Suspeito que isso se diz desde sempre, tal como se diz que isto agora já não é o que era, ou que não há tempo para nada. Ora este livro pressupõe esses bebés de agora, que já nascem ensinados: ao lado dos vulgares conceitos de pequeno/grande, por exemplo, surgem pequenas pérolas como nítido/desfocado, aquadradado/arredondado, livre/enclausurado, invisível/visível. Se têm bebés ensinados, ora ensinem-lhes lá isto. Filosofia pura.
Uma espécie de Opostos filosóficos para sub-dois - altura em que começa a verdadeira filosofia no verdadeiro sentido da palavra -, Hippopposites divide o mundo em branco/preto, alto/baixo, de frente/de lado. Mais tarde perceberão que às vezes há graus de cinzento, uma altura ali ao meio e um lado de trás das coisas; e que umas vezes isso é bom, outras nem por isso.
Hippopposites é pensado para os primeiros leitores, sim, mas também para os seus pais, tenho a certeza. E é uma provocação, uma bela provocação. Um hipopótamo, quase sempre vermelho-sangue-de-boi, apresenta os opostos de forma desconcertante, elegante, contemporânea, gráfica, divertida.
Quase não lhe compro livros porque os herda dos irmãos mas este era demasiado clean&cool (veio dos EUA, mas é feito por uma francesa, pardon) para o deixar ficar do outro lado do oceano. (As péssimas fotografias não fazem jus à beleza deste livro). Um excelente exemplo de desenho feito em computador, uma espécie de parente minimal da Delphine Chedru.
Elegeu rapidamente a sua página preferida e lê-o de formas mais ou menos ortodoxas, consoante o grau de sono. Gosta de sentir o macio/áspero enquanto dobra a língua, os lábios, os olhos, o nariz, a cara toda, enfim, para conseguir ao mesmo tempo articular algo de parecido com as palavras Macio e Áspero. E isso, acreditem, é que não é nada fácil.
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Abrams Appleseed, 2012
Janik Coat
isbn 9781419701511
primeiro visto e comprado aqui
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