Outra coisa que tive a sorte de ver na workshop com o Bernardo Carvalho, foram os originais d'O livro dos quintais: grandes folhas pintadas com canetas de feltro,
umas acabadas, outras por acabar, onde se viam já as brincadeiras com as perspectivas e rebatimentos misturados
que as crianças usam,
as cores, os pormenores. Tive pena que a impressão do livro tivesse embaciado um pouco as cores, mas mesmo assim é mais um óptimo livro das "Histórias paralelas".
Cá em casa há umas caixas ao pé das mesas onde os miúdos tomam o pequeno almoço, fazem os trabalhos e desenham, cheias de marcadores, pastéis, ceras, lápis de cor. O que tiram sempre são os marcadores e quase sempre os mais finos; destes, que conheci aqui, comprei para mim, e depois tive de ceder às criaturas que andam cá por casa num plano mais abaixo, e que os comem a uma velocidade estonteante.
Não sei se foi à conta das tampas mágicas que têm e que permitem a construção de paletas, mas o B, que é mais do que sintético a desenhar, é aí que investe o seu tempo de desenho: a conjugar cores.
Ficaram boquiabertos quando perceberam que todo o livro é feito com aquelas canetas, e acho que isso os aproximou da ideia de que o livro é um objecto que se cria e compõe do zero, (e que lição de design é este livro) e não uma coisa que se compra e que sempre existiu por si. E isso foi muito bom.
Ver a imperfeição
- chamemos-lhe assim - das manchas de cor construídas por centenas de riscos em vez da cor sólida, é uma lufada de ar fresco com um cheirinho de passado,
tal como o é esta história de um bairro contada pelo lado de fora, do quintal.
Assim, em canetas de feltro, só conheço - e nunca os vi na mão - os livros da Yukari Miyagi que, sendo completamente outra coisa
são também muitíssimo interessantes.
Vale mesmo a pena espreitar o seu site
e ver alguns livros por dentro.
O T gosta de ouvir e depois passear os olhos pelas páginas, por trás dos óculos, na esperança de encontrar o Gatuno.
Ao B dei-o para o ler à noite e, quando me apercebi, já ía para Julho. Não dá para o gasto. As outras noites foram mais demoradas porque o pus a ler, em voz alta, para o T e, na noite seguinte, os últimos três meses do ano, para os pais.
Os papéis invertem-se bem mais cedo do que esperava: na 6ª feira à noite, exausta (como estão as mães à 6ª feira à noite), encostada na cama, ouvi uma história lida pelo meu filho mais velho.
E que bela história.
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O livro dos quintais
Planeta Tangerina, 2010
texto Isabel Minhós Martins, ilustrações Bernardo Carvalho
isbn 9789898145246
primeiro visto aqui
comprado aqui
Muito contente de ter tropeçado neste blog - por vezes um tropeço dá lugar a um mergulho num mundo que nos é querido.
ResponderEliminarOs meus miúdos receberam esta preciosidade de livro esta semana, foi a tia que o comprou, incansável pesquisadora de boas ilustrações e fã, como nós, dos alienígenas do planeta tangerina.
Neste último par de noites foi a leitura escolhida pelos meus petizes e foi o que chegou p já saberem o-quem-é-quem das personagens. O meu puto T diz que eu sou como o Sr. Catarino pq tb gosto de plantas, a minha C diz que sou como o pai do Tiago e da Carolina pq ele tb tem uma prancha de surf.
Acho que mais uma vez a editora está de parabéns, o livro é uma delícia e traz-nos um imaginário que nos é muito próximo e com o qual facilmente nos identificamos.
Olá. Gostava de saber quais são esses belos e bonitos marcadores. O link perde-se no blog da ervilha. Têm uma grande vantagem que é caneta e a tampa terem a mesma cor. Cá por casa a mais velha juntou dinheiro para comprar uns TomBow que são marcador de um lado e pincel do outro e fazem desenhos com cores lindas. Obrigada.
ResponderEliminarolá André, os marcadores são da Faber-Castell. Boas pinturas!
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