Estivemos na terra da Pipi onde paira agora uma nuvem de cinza (o cabeçalho pareceu-me muito apropriado).
E claro que foi o seu livro que trouxemos na mala.
Havia por lá uma febre de edição de clássicos dos anos 50/60/70, principalmente da autora dos famosos Moomins.
Mas, embora adore o som desta lindíssima língua, infelizmente, pouco mais entendo que tack.
Pipi vive sozinha e faz tudo sem a ajuda de nenhum adulto. Não precisa. Ficamos à espera que, a certa altura da história, venha a parte em que isto começa a correr mal. Mas não há aqui nada de moralizante e a Pipi tem sucesso em tudo. Sozinha.
A história é escrita de um modo um pouco abrupto. O que é especialmente engraçado, porque por um lado tem um pouco a ver com a maneira das crianças falarem, mas tem também a ver com o que pude sentir da maneira de falar dos conterrâneos da Pipi. )Em inglês, que foi como nos entendemos, não têm um grama dos nossos floreados na maneira como dizem as coisas.)
Outra coisa engraçada é o modo como a história é contada como se tudo fosse perfeitamente normal. O cenário é o comum, dois irmãos uma casa,
uma nova vizinha na casa ao lado; só que depois tudo é louco e tudo é o que os miúdos gostam: não há pais a mandar, há jogos de "é-proibido-tocar-no-chão" onde se anda por cima dos armários,
canecas de chocolate quente a fazer de chapéu não totalmente vazias, há macacos e cavalos em volta da mesa de festa e podem fazer-se e comer-se 500 bolachas sem qualquer problema.
A Pipi é muito forte e consegue loucas façanhas como derrotar o Homem Mais Forte Do Mundo
ou carregar o seu próprio cavalo que vive na varanda por atrapalhar na cozinha e não gostar especialmente da sala,
e consegue pôr ladrões a chorar.
A Pipi não precisa dos adultos para nada e tem hábitos ostensivamente irreverentes: pode tê-los ter porque não há mãe para lhe dizer para fazer de outra maneira.
Depois de acabarmos a história e, depois de fecharmos a luz, deitaram-se os dois como a Pipi (pés na almofada e cabeça debaixo dos lençóis).
Houve uma grande risota.
Depois mandei-os pôr direitos, porque nesta casa há uma mãe a mandar.
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Do you know Pippi longstocking?
Rabén&Sj
-->ögren, 2009 [1ª edição 1947]
texto Astrid Lindgren, ilustrações Ingrid Nyman
isbn 9789129674354
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