Numa visita ao MUDE, tivemos de dar duas voltas à esposição depois do mais velho se ter queixado, este museu é mínimo, porque na verdade tinha estado todo o tempo a contar os magníficos hexágonos do pavimento e a seguir linhas pelos seus contornos, sem ter visto nada da exposição.
Isto, depois de ter ido a contar todos os saltos que deu do Camões até à Praça do Comércio sem pisar as pretas. Há ainda, paralelamente a estes, um outro jogo que consiste em pisar todas as tampas de águas, esgotos, etc, para ganhar pontos - e isto sem ter playstations ou afins... Depois há as contas permanentes, as sequências, os números negativos, o contar super-rápido, ou de 10-em-10, ou de 100-em-100, ou decrescente. O minorca, que claro o copia em tudo, pára diante de paredes escritas para ler sílabas imaginárias e diz, triunfante, eite, naine, tén. Sim, a coisa já vai a descambar para o inglês...
Um pequeno inferno, portanto. Às vezes fico cansada com tanta actividade cerebral mas explicaram-me, entretanto, que o número de ligações eléctricas no cérebro duma criança é muitíssimo superior ao de um adulto e que por isso, ele não se cansa, e que só faz bem.
Será. Só que, o que com as letras é uma espécie de namoro calmo e curioso, com os números a coisa é um bocadinho, digamos, doentia.
Mesmo assim, para acompanhar esta obsessão pelos números, no Natal, quando a coisa não estava assim tão ao rubro, veio este I numeri.
Luigi Vernonese, seu autor, tem dois outros livros semelhantes - sobre cores e flores - mas, eu que não sou minimamente dada a números, acho este infinitamente melhor. É de 1945.
Estas entidades abstractas são apresentadas de formas muito concretas:
objectos,
cores,
espaços,
simbolos,
dedos.
A Corraini é uma fantástica editora italiana, de Mantova. Edita livros italianos e faz tradução de livros estrangeiros de muitíssima qualidade. Têm, claro, o problema dos livros italianos...
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il numeri
Corraini, 2007
Luigi Vernonese
isbn 9788886250474
encontrado aqui (está fechada)
há aqui
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+A propósito de um post recente, ficámos a saber que o ABC3D de Marion Bataille ganhou o prémio Andersen 2009 na categoria Melhor livro feito para Arte.
+Na mini livraria do MUDE encontrámos um lidíssimo livro japonês Kids&Toys (ou Toys&Kids..) cheio de lindíssmos padrões. Mas os livros japoneses têm o problema dos italianos insuflado!
+Tive questões sobre o significado de "primeiro visto em as pessoas que compraram este item também compraram este" que apareceu nas fichas dos livros de posts anteriores. É uma terrível funcionalidade do site da amazon: quando seleccionamos um livro, aparecem imediatamente sugestões do tipo quem comprou isto também comprou aquilo, ou frequentemente comprados juntos. Aí tenho descoberto, por vezes, magnificos livros de que nunca ouvi falar.
este teu blog está a ficar igual às sugestões da amazon — um perigo!
ResponderEliminarfabuloso este livro. e pensar que é dos anos 40 :)
Que belo post .... e de facto, "perigoso" para quem adora livros!
ResponderEliminar:))