Com a minha Avó aprendi a bordar, a costurar, a tocar viola, a jogar ping-pong, a pentear a minha bisavó
(chegarei alguma vez a ter cabelos brancos lindos assim?).
Com setenta e muitos anos, a minha Avó nadava, sempre com a sua touca, até às bóias
(as bóias eram longe)
e jogava ténis connosco ao sábado de manhã. Tocava piano e viola e tinha aprendido a montar à amazonas.
Isso nunca vi, mas fascinava-me.
A minha Avó tinha um Citroen diane 2 cavalos branco que já tinha um buraco no chão e, na pré-história, antes das cadeirinhas - e até dos cintos - gostávamos de ir amontoados no chão do carro a ver a estrada passar e a contar as pastilhas elásticas esmigalhadas pelos pneus, quando nos vinha buscar para irmos brincar ao quintal do tio Zé,
onde passávamos tardes que não vou conseguir explicar aqui.
A minha Avó gostava de filmes de terror e tinha imenso medo deles.
Todos os fins-de-semana nos contava como tinha tido medo e todos os outros fins-de-semana tornava a vê-los.
A minha Avó contava-nos histórias de terror, politicamente incorrectas,
(incorrectíssimas mesmo),
e nós adorávamos.
Um dia destes, enquanto relembrávamos estas histórias que a minha Avó nos contava em miúdos, a mim, ao meu irmão e aos meus primos,
e de como as adoravamos, a minha Mãe lembrou-se que tinha há pouco reencontrado estes livros.
Um deles tem quase 100 anos e foi oferecido à minha Avó como prémio,
pela sua professora, em Fevereiro de 1922.
Tinha a minha Avó 12 anos.
O livro de Terêsa
faz parte da Biblioteca Infantil da Editora Guimarães & Cia e é uma colectânea de contos ilustrada.
Num outro, também já sem capa e sem nenhuma referência para o identificar
mas que parece contemporâneo do primeiro, encontrei a minha 2ª história preferida - a 1ª era pior, juro. Dizem-me que é uma história que bebe da mitologia grega, ciclopes, peles de carneiro, por aí.
É O olharapo e conta a história de um carteiro que perdido nos bosques escuros se acaba por abrigar numa gruta que era afinal a caverna do Olharapo, um terrível gigante com apenas um olho na testa.
A história é mesmo tão de terror que não a vou contar!
Este, ao pé do Olharapo da minha Avó, parece uma brincadeira de crianças.
Passa tu que de lana és!...
-------------------------------------------------------------------“COMO PEDRO POR MI CASA” es un festival internacional de libros ilustrados, organizado por Julia Pelletier, que tiene lugar cada año en LA CENTRAL DEL RAVAL (C/ Elisabets 6, 08001 de Barcelona). Julia es ilustradora profesional, realiza libros de artista y desarrolla con La Central un trabajo como docente alrededor del libro ilustrado para adultos y niños. Entiende el libro como un formato abierto a múltiples interpretaciones, libro ilustrado, fanzine, libro-objeto, novela gráfica, libro de artista, etc. Sus únicas premisas son la calidad del trabajo y su novedad absoluta en nuestra ciudad. Para ello contacta y selecciona con sus editores y autores a lo largo de todo el año. Durante seis días, obras venidas de realidades tan diferentes como Portugal, México, Argentina, Inglaterra o Irán, comparten los ojos del público que se acerca a LA CENTRAL para ver tocar y leer estos trabajos, en un entorno que recrea el salón de una casa particular.
Vanda Vilela é portuguesa e vai lá levar um lindíssimo livro-pássaro.Vejam mais aqui, aqui e aqui.
Os Olharapos, as histórias politicamente incorrectas e as avós devem ser urgentemente reabilitadas em nome dos nossos filhos. Já agora podemos recuperar tb alguns filmes de terror desde que genuinamente antigos (nada de versões coloridas e nº 2 de King Kongs!)
ResponderEliminarE já agora, quem tem que agradecer sou eu por ter uma prateleira-de-baixo tão cheia! Obrigada, pois.
lindo :)
ResponderEliminarbem, adorava ter conhecido a tua avó :)
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